Título: 'Corrupção acabou com o governo', diz Tasso
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2006, Nacional, p. A8

Mas Mercadante comemora o fato de Lula não estar citado na denúncia

Os termos da denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, ao Supremo Tribunal Federal (STF) foram vistos pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) como a comprovação de que "o esquema de corrupção organizado a partir do coração do Palácio do Planalto acabou com o governo do presidente Lula". "Caiu o governo, caiu o ministro da economia, caíram os auxiliares do presidente, o ministro da Justiça está pendendo", afirmou.

"Do ponto de vista prático, o governo caiu no maior esquema de corrupção, inédito e grandioso, que se tem notícias no País", alegou. Para Tasso, sobrou unicamente a figura de um homem, "do presidente Lula, ao qual falta credibilidade, de quem ninguém tem motivos para acreditar", frisou. O senador disse esperar que o afastamento de Lula ocorra de forma natural, pelo voto popular. "Espero agora que o povo na eleição resolva isso."

Das 135 páginas da denúncia, o líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), encontrou um motivo para comemorar: o fato de o presidente Lula não estar citado no esquema de corrupção patrocinado por seus auxiliares mais próximos. "É evidente que não há nenhuma participação do presidente nessas denúncias", endossou.

Mercadante disse esperar que os argumentos do procurados não signifiquem a pré-condenação das pessoas envolvidas. "Quem vai condenar é a Justiça, vamos aguardar o processo de investigação e a decisão da Justiça", defendeu. O líder justificou sua apreensão por entender que o "ambiente político do Congresso" nem sempre permitiu a defesa das pessoas que estão na lista de indiciados do Ministério Público.

Na avaliação do líder do PFL, senador José Agripino (RN), a denúncia do procurador, de tão grave, pode levar à indignação popular e daí a um processo de impeachment de Lula. Ele descarta a possibilidade de a iniciativa partir unicamente da oposição. "O impeachment só será pedido quando houver uma comoção popular que leve as pessoas a pressionar seu parlamentar a pedir a substituição do presidente." Para o líder da minoria, senador José Jorge (PFL-PE), o Ministério Público fez um trabalho justo. "Não havia outra coisa a fazer, as provas são muitas."

O relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), se solidarizou com seu colega da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), e com os demais integrantes da comissão. Segundo Garibaldi, a denúncia do procurador "é uma prova de que a CPI trabalhou com correção e zelo, fazendo justiça".