Título: Dirceu, Genoino e Gushiken dizem que faltam provas
Autor: Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/04/2006, Nacional, p. A5

Advogado do ex-chefe da Casa Civil afirma estar surpreso; ex-presidente do PT fala em injustiça

Apesar da contundência da denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal, envolvidos e seus advogados procuraram transmitir segurança quanto aos rumos do processo, alegando, sobretudo, inexistência de provas. Advogado de José Dirceu, apontado "chefe da quadrilha", José Luiz de Oliveira Lima se disse surpreso com o desfecho das investigações da Procuradoria. "Não vi a denúncia, mas conheço muito bem o inquérito. Lá não há nada que comprove a participação de José Dirceu, não há nenhuma prova em seu desfavor", frisou.

Por meio de sua Assessoria de Imprensa, Luiz Gushiken afirmou que a Procuradoria havia baseado a denúncia no depoimento feito pelo ex-gerente de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, agora processado por ele. "Estou absolutamente tranqüilo. Na Justiça vou apresentar as provas da minha conduta idônea e correta", disse Gushiken.

Já o advogado de Pizzolato, Mário de Oliveira Filho, evitou fazer comentários. Afirmou não ter tomado conhecimento da inclusão do nome de seu cliente na denúncia apresentada no dia 30 de março ao Supremo Tribunal Federal (STF).

O ex-presidente do PT José Genoino definiu seu indiciamento como uma "injustiça".

"Minha única participação na crise foram dois empréstimos tomamos legalmente pelo PT, declarados ao Tribunal Superior Eleitoral", afirmou Genoino. "Esses empréstimos inclusive estão sendo cobrados do PT na Justiça." Ele anunciou que irá se defender "na Justiça e na sociedade". E insistiu que não teve qualquer reunião com o empresário Marcos Valério para tratar de compra de votos ou caixa 2. Para o advogado de Genoino, Luiz Fernando Pacheco, não há no inquérito provas que sustentem a condenação de seu cliente. "Durante as investigações, ficou claro que Genoino não tinha participação nas finanças do PT. Sua função institucional era de representação política, de relacionamento com as bases, com bancadas. Não há qualquer prova de ingerência", argumentou.

Acusado de ter recebido R$ 20 mil das contas de Marcos Valério, o ex-líder do governo na Câmara Professor Luizinho (PT-SP) resignou-se. "Recebo esse indiciamento com tranqüilidade. Vou lutar pela minha inocência, como já fiz e provei na Câmara", disse. O deputado foi absolvido do processo de cassação de seu mandato. O Ministério Público Federal, ressaltou, não apresentou nenhuma nova prova ou acusação. "Acredito que o Supremo não acatará esse pedido. Mas, se necessário, me apresentarei ao STF e provarei minha inocência", afirmou. O que o MPF fez, disse, foi apenas "lavar as mãos e passar para a frente" o processo.

O advogado Arnaldo Malheiros Filho, que cuida da defesa do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do ex-secretário-geral do partido Silvio Pereira, também preferiu não comentar o pedido da Procuradoria.

Procurados pelo Estado, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) e o ex-deputado Paulo Rocha (PT-PA) não retornaram as ligações até o fechamento desta edição.