Título: Balcões vazios refletem crise de confiança na companhia
Autor: Irany Tereza
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2006, Economia & Negócios, p. B1,3

Os balcões de check-in da Varig ficaram praticamente vazios em boa parte da manhã de ontem no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, refletindo a crise de confiança na empresa. Enquanto longas filas se formavam em frente aos balcões da Gol e da TAM, a cena raramente se repetia no check-in da concorrente.

Mesmo em crise, não houve longos atrasos nos vôos da Varig em Congonhas nem no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos. Até o fim da tarde, a empresa tinha registrado três cancelamentos. Todos na ponte aérea Rio-São Paulo. "Mas sem prejuízo para os clientes", ressaltou Guilherme Hanois Falbo, gerente de Operação da Varig em Congonhas.

Segundo Falbo, a situação melhorou no início da noite. "Estamos com vôos para Porto Alegre e Florianópolis com 100% de aproveitamento." De acordo com o gerente, a queda na demanda pelos embarques vem desde que foi noticiada a crise na empresa. No início de abril, a companhia alterou sua malha aérea, reduzindo vôos e escalas. "Uma readequação da capacidade de oferta."

A Infraero informou que não houve nenhum tumulto nos aeroportos, mesmo nos horários de pico. Apenas o registro de atrasos em alguns vôos.

AJUDAR OU NÃO? Com o bilhete da Varig em mão, as opiniões dos passageiros divergem quando o assunto é ajudar ou não a companhia. O engenheiro Fábio Furiatti acha errado o governo "pôr dinheiro público numa empresa mal gerenciada". Para ele, apenas uma parte da população usa o transporte aéreo e o custo da ajuda seria pago por todos. "Devia fazer uma consulta pública, obedecendo a democracia."

A escolha pela companhia foi, segundo Furiatti, pelo preço: R$ 69 para Curitiba. A supervisora de vendas Fabiana Gonçalves optou pela empresa pelo mesmo motivo, só que em trajeto diferente. Seguiu para Florianópolis, a R$ 318, ida e volta. Mas Fabiana pensa diferente: "O governo deveria ajudar. A gente paga carros e mansões para um monte, por que não colaborar com uma companhia de tradição?" Ela viajou ontem pela primeira vez pela Varig.

Em Congonhas, a previsão para ontem e segunda-feira é de aumento de 10% no fluxo de pessoas, cuja média diária é de 46 mil. Segundo a Infraero, há cerca de 600 vôos, entre pousos e decolagens, no aeroporto por dia. Em Cumbica, são esperados 191 mil passageiros para embarque e desembarque no feriado prolongado, em 1.780 vôos. Um aumento de 9,4% no número de passageiros, comparado com o feriado do ano passado.