Título: 300 mil passageiros podem ficar sem voar
Autor: Irany Tereza
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2006, Economia & Negócios, p. B1,3

As agências e operadoras de turismo estão preocupadas com a indefinição da crise da Varig. De acordo com elas, o problema atinge a opção de seus clientes. Muitos têm medo de comprar o bilhete e ficar sem voar. Pior: estima-se que cerca de 300 mil pessoas já adquiriram passagens e ainda não decolaram. Parte delas está no exterior.

Em manifesto assinado por seis sindicatos e associações das agências e operadoras, a informação é de que a Varig vendeu a esses 300 mil passageiros 1,2 milhão de trechos, dos quais 200 mil fora do Brasil. "Além de milhares e milhares de reservas", diz Eduardo Vampré do Nascimento, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens de São Paulo (Abav-SP).

A Varig tem ainda, segundo Nascimento, cerca de 20 mil passagens reservadas para a Copa do Mundo. A gravidade da situação é que, se a empresa fechar, não haverá condições de outras empresas aéreas assumirem tantos bilhetes.

"Há muitas escalas e destinos para o mundo. As outras companhias não têm porte nem número de aviões para atender aos passageiros, além da falta do direito de pouso em vários aeroportos."

Nos vôos domésticos, a companhia tem 19% de participação do mercado. "Só para atender esse contingente haveria dificuldade, mas ainda é possível. Já no mercado internacional, no qual a Varig opera com 27 destinos, não existe", afirma Nascimento.

Para ele, o governo deveria conceder crédito à empresa ou encampá-la. "Não pode ficar nessa indecisão. Os agentes estão preocupados por depois terem de reembolsar o passageiro." Um problema que, de acordo com ele, seria encaminhado ao próprio governo. "Entendemos que, se é concessão de serviço público, o Estado terá de responder pelo transporte."

De acordo com Nascimento, o manifesto é um alerta e foi distribuído para todo o setor de turismo no Brasil.