Título: Nossa Caixa contraria defesa de ex-secretário
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/04/2006, Nacional, p. A11

Banco informa ao governo todas as ações de marketing, diz presidente

O presidente da Nossa Caixa, Carlos Eduardo Monteiro, rebateu ontem a acusação do ex-gerente de Marketing Jaime de Castro Júnior, de que tivesse conhecimento sobre a prestação de serviços de publicidade ao banco pelas agências Fulljazz Propaganda e Collucci Associados, sem contratos, por 22 meses. Ao negar o teor do depoimento prestado por Castro Júnior ao Ministério Público, na quarta-feira, Monteiro contradisse o ex-secretário de Comunicação do governo Geraldo Alckmin Roger Ferreira.

Ferreira demitiu-se do cargo depois de reveladas suspeitas de que a publicidade do banco era usada como moeda em troca do apoio de deputados estaduais. O caso é objeto de investigação da Promotoria e da Assembléia. Por meio de nota divulgada na quarta-feira, pouco depois do depoimento de Castro Júnior, que o apontou como responsável pelo esquema de favorecimento, Ferreira atribuiu à Nossa Caixa a "inteira responsabilidade" sobre suas ações de comunicação: "Como empresa cotada na Bolsa de Valores, a Nossa Caixa não tem nenhuma subordinação, formal ou informal, no que se refere à comunicação, a nenhuma instância ou pessoa exterior à empresa."

De acordo com Monteiro, o decreto 43.834 de 08/02/1999, que criou a Secretaria de Informação e Comunicação (Sicom), determina que todas as ações de comunicação de órgãos do governo e estatais, inclusive o banco, sejam informadas à Sicom. Ele evitou comentar as declarações de Ferreira, mas insistiu que quaisquer campanhas deveriam ser apresentadas à secretaria, numa operação direta entre a gerência de marketing do banco e o governo estadual.

"Reafirmo o que disse (quarta-feira) na nota", limitou-se a comentar o ex-secretário sobre as declarações do presidente da Nossa Caixa.

BANCO CENTRAL

Carlos Eduardo Monteiro revelou que o Banco Central solicitou, há cerca de duas semanas, cópia da sindicância interna da Nossa Caixa que resultou na demissão de Castro Júnior. O pedido causou estranheza na instituição, foco hoje de desgaste à candidatura presidencial do ex-governador Alckmin (PSDB).

"Assim que eu soube da inexistência dos contratos (após reunião com Castro Júnior no dia 27 de junho de 2005), suspendi os pagamentos, afastei o gerente, abri a sindicância, avisei as agências e determinei a abertura de licitação", afirmou Monteiro, exibindo documento de auditoria realizada em 2003 onde o ex-gerente afirmou ter renovado os contratos. O presidente negou que tenha tentado firmar um contrato retroativo para solucionar o problema. Também destacou que as operações não causaram prejuízo ao banco e tampouco configuram crime. A Promotoria investiga se houve improbidade administrativa.