Título: FMI prevê estragos mais sérios para bolivianos
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/05/2006, Economia & Negócios, p. B9

A extensão dos danos causados por medidas de cunho populista tomadas recentemente por governos na América Latina dependerá da duração e profundidade das iniciativas.

No primeiro comentário público feito pelo Fundo Monetário Internacional sobre o tema, depois da decisão da Bolívia de nacionalizar o gás, a vice-diretora da instituição, Anne Krueger, indicou que os efeitos de iniciativas como a do presidente Evo Morales, que aumentou a pressão para que Peru e Equador sigam o exemplo, serão provavelmente sentidos mais por quem as tomou do que pelos países prejudicados por elas. "O impacto vai depender, em larga medida, de saber se os governos recuperarão a sensatez antes ou depois de fazerem demasiado estrago", afirmou Anne Krueger em discurso em Vancouver, Canadá.

Para ela, ainda é cedo para avaliar as conseqüências econômicas como a nacionalização do gás fora da região andina. "Não estou segura sobre quão grande será o impacto regional", afirmou. "Brasil, Chile e Uruguai parecem seguir políticas razoavelmente sensatas e parecem imunes ao que está acontecendo no países andinos".

A diretora do FMI disse que a Venezuela do presidente Hugo Chávez é um caso "diferente, porque a razão pela qual os venezuelanos podem fazer o que estão fazendo é que o preço do petróleo está muito alto". Mas ela criticou a maneira como a Venezuela está usando a receita adicional produzida pela alta do petróleo.