Título: Jeb Bush quer acordo para o álcool
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/05/2006, Economia & Negócios, p. B10

Os Estados Unidos deveriam formalizar uma aliança com o Brasil visando à importação maciça de álcool combustível, como forma de reduzir sua dependência do petróleo, atenuar o impacto ambiental e desenvolver a economia do Hemisfério Ocidental. Ao mesmo tempo, deveriam reduzir ou eliminar a sobretaxa à importação desse produto. O conselho foi dado ao presidente George W. Bush por seu irmão Jeb, governador da Califórnia.

Em carta dirigida a Bush, Jeb afirmou que "os Estados Unidos têm uma oportunidade seminal de colocarem em prática uma política energética que fortaleça a nossa segurança, estimule o desenvolvimento econômico, aumente a proteção aos recursos naturais e promova o livre comércio em nosso hemisfério". No plano que denomina "15 por 15", Jeb Bush sugeriu que o governo federal estabeleça um ambicioso projeto de consumir 15 bilhões de galões (57 bilhões de litros) de etanol por ano até 2015. Para cumprir esse objetivo, acrescentou, os EUA precisariam aumentar o fornecimento doméstico e importar o produto dos países das Américas. "O etanol derivado da cana-de-açúcar em países das Américas é menos caro, exige menos energia no processo produtivo e tem um tremendo potencial de expansão", disse o governador.

E acrescentou: "Esta é a oportunidade ideal para avaliarmos a importação de etanol do Brasil e outros vizinhos do hemisfério capazes de produzir o combustível. Isso poderia reduzir nossa dependência do petróleo importado, melhorar a qualidade ambiental e reforçar as negociações com o Brasil e outros vizinhos sobre a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca)". Jeb Bush disse ainda que "devido à importância deste tema, peço ao Sr. presidente que analise a opção de negociar os temas relativos ao comércio de produtos agrícolas fora do processo estabelecido pela Organização Mundial do Comércio. Acredito que deveríamos reconsiderar a política americana de taxar as importações de etanol do Brasil e outros países".

O governador lembrou que a demanda de gasolina nos EUA se aproxima de 1,4 bilhão de litros por dia, ou 530 bilhões de litros por ano. Em 2005, os EUA produziram 16,2 bilhões de litros de etanol, em grande parte derivado do milho. A Lei de Política Energética de 2005 exige que pelo menos 28 bilhões de litros de combustíveis renováveis sejam colocados no mercado por ano, até 2012. Segundo Jeb Bush, para cumprir o plano "15 por 15", os EUA precisam ampliar a produção local e aumentar a importação de etanol.

O governador afirmou que com o "15 por 15", a proporção de etanol a ser acrescentada aos motores movidos a gasolina chegaria perto dos 10%. Acrescentou que esse combustível misto - que os americanos chamam de "gasohol" - pode ser usado por qualquer automóvel, sem modificações no motor .

Segundo Jeb Bush, "os Estados Unidos podem aprender sobre a diversidade de combustíveis a partir da experiência de várias nações. Um caso notável é o do Brasil, líder global na tecnologia do produção e distribuição do etanol. Este país produz 15 bilhões de litros de etanol por ano. Cerca de 30 mil postos de gasolina vendem etanol aos motoristas".

Após fazer um histórico do Proálcool, ele disse que o custo de produção do etanol brasileiro é baixo. "Seu custo é US$ 0,50 menor do que os EUA gastam para produzir (um litro de) gasolina".