Título: 'O objetivo de Suzane é grana', diz promotor
Autor: Laura Diniz
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2006, Metrópole, p. C1,3

A jovem também requer pensão e metade do seguro de vida dos pais

"A Suzane está perseguindo o objetivo dela, que é grana." Assim o promotor do caso, Roberto Tardelli, analisou o pedido de Suzane von Richthofen para se tornar a administradora dos bens dos pais, em substituição ao irmão, Andreas. Tardelli disse ter sido informado que, além do pedido obtido pelo Estado, a jovem também requer metade do seguro de vida dos pais e sete salários mínimos de pensão. "A amoralidade desses pedidos deve chocar o criminoso mais frio. Nunca vi pessoa mais amoral." Ele estima que o patrimônio da família seja de uns R$ 2 milhões.

O documento, ao mesmo tempo em que ataca Andreas, transcreve um bilhete atribuído a ele, supostamente de 22 de junho de 2003, que diz: "Querida Su! Estou morrendo de saudade de você. Você sabe que eu não tenho vindo te ver porque meu tio me proibiu de vir te ver. Você sabe que sou contra isso. Eu também sou contra o processo de exclusão de herança. Eu continuo do seu lado. Um beijo. Andreas." Há ainda uma foto de Suzane com a avó Lourdes, mãe de Marísia, supostamente feita em 27 de julho de 2005. A defesa usa a imagem para afirmar que ela tem "rotineiro contato" com a família.

DEFESA

O advogado que substituiu recentemente Antônio Cláudio Mariz de Oliveira na defesa de Suzane, Mário de Oliveira Filho, resolveu adotar o contato com a imprensa como tática de defesa. Mariz desaconselhava a cliente a dar entrevistas , principalmente para a televisão.

"Vamos tentar descondená-la", disse Oliveira Filho sobre a entrevista que a jovem concedeu ao Fantástico, da Rede Globo (Leia ao lado). Segundo ele, a jovem está "condenada oficiosamente" pela opinião pública e, como irá a júri popular, é importante que o povo a conheça melhor.

"Se ela fosse julgada por um juiz, é uma coisa. Não precisaria falar porque ele se guia por normas. Mas o povo é quem vai julgá-la." O advogado representa também o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil e ex-presidente da Previ Henrique Pizzolato, acusado de ser um dos abastecedores do caixa 2 do PT. "Ele não dará entrevista porque será julgado por um juiz."

Os irmãos Daniel e Christian Cravinhos, que participaram com Suzane do assassinato, também tentaram jogar para a torcida. Eles deram entrevista à Rádio Jovem Pan em meados de janeiro e foram presos de novo uns dias depois.

Oliveira Filho disse que teve uma semana desgastante. Anteontem foi parar no pronto-socorro do Hospital São Luís, pensando que iria enfartar. "Tenho casos muito pesados. Esse caso da Suzane... O telefone toca toda hora. A gente ouve propostas das mais decorosas à mais indecorosas. Às vezes dá vontade de dizer que o cara ligou para o número errado."

O julgamento dos três está marcado para junho, mas deve ser dividido porque as teses das defesas são diferentes.