Título: Suzane quer cuidar dos bens dos pais
Autor: Laura Diniz
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2006, Metrópole, p. C1,3

Uma semana depois de ir ao fórum tomar ciência de que seu julgamento tinha sido marcado para 5 junho, Suzane Louise von Richthofen, de 22 anos, pediu à Justiça para tomar conta do patrimônio dos pais, Manfred e Marísia, de cujo assassinato participou, em 2002.

Em petição datada de 27 de fevereiro, a que o Estado teve acesso, o advogado de Suzane, Denivaldo Barni Júnior, alega que o irmão da jovem, Andreas, cuida dos bens da família "com total descaso e desleixo", age com "patente má-fé" e usa o Judiciário "através de uma ridícula manipulação". Por isso, prossegue, Andreas deve perder a responsabilidade sobre a administração dos bens, que estariam sendo dilapidados, e passá-la para a jovem, ré confessa, que pode ter pena mínima de 25 anos, se condenada.

Em termos técnicos, Suzane quer ser a inventariante do espólio dos pais. Em português claro, quer decidir o que fazer com os imóveis, como investir o dinheiro e como gerenciar os demais bens da família. O inventariante não pode gastar o dinheiro, nem tem livre gestão - precisa prestar contas de cada ato aos demais herdeiros. Se lesa o patrimônio, responde por isso. Após a morte dos pais, Andreas entrou na Justiça para tentar deserdar Suzane. Pelo Código Civil, devem ser excluídos da sucessão os herdeiros que tentam ou são "autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso" contra o titular dos bens. Ainda não há sentença. A advogada de Andreas, Maria Aparecida Cardoso Frosini Lucas Evangelista, disse que não poderia comentar o assunto porque o processo corre sob segredo de Justiça. O mesmo disse Denivaldo Barni, pai de Barni Júnior, que ampara Suzane desde a época do crime. O advogado não foi encontrado pela reportagem em seu escritório.

Além de pedir que Andreas preste conta da gestão de alguns bens, Suzane afirma que o Gol dourado, usado na noite do crime, é só dela e não deve ser incluído na partilha. Afirma o mesmo sobre as jóias da avó, Margot Gude Hahmann, mãe de Manfred, já falecida.

A jovem também pede para "fixar residência" num apartamento da família na Vila Catarina, próxima ao Brooklin. Ontem, ao ser informado da pretensão dela, o porteiro do prédio, que se identificou como Salomão, disse: "Se dependesse de mim, ela não viria. Mas não depende."