Título: Mantega prevê queda da Selic, mas evita pedir pressa
Autor: Adriana Chiarini
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2006, Economia & Negócios, p. B6

Ministro prefere tom cauteloso: 'A perspectiva de inflação está abaixo da meta. Então não precisa falar nada,não?'

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostrou confiança na trajetória de redução do juro básico, definida pelo Banco Central. Mas não chegou a repetir o discurso que adotava antes de assumir a pasta, quando pedia queda mais rápida da Selic.

Ele observou que a perspectiva para a inflação deste ano, pelo Ìndice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), está em 4,16%, abaixo do centro da meta, que é de 4,5%. ¿Está abaixo da meta, então não preciso falar mais nada, né?¿, disse.

Mantega lembrou que os preços no atacado, na média, estão em deflação. ¿Há vários meses o Copom vem baixando a taxa¿, disse, em tom diplomático, após participar de evento promovido pelo Instituto de Finanças Internacionais (IIF). Destacou que os juros de longo prazo, mais relacionados ao investimento produtivo, estão abaixo de 15% ao ano, e caindo.

Ele aproveitou para informar que o diretor-presidente da resseguradora IRB-Brasil será Eduardo Nakao, que era diretor financeiro da mesma empresa na gestão anterior, de Marcos Lisboa. O ministro disse que o governo vai manter a direção anterior de abrir o mercado de resseguros a empresas privadas, inclusive estrangeiras, sem privatizar o IRB, que tem o monopólio do resseguro. ¿Um dos pontos de estrangulamento do crédito no Brasil é o seguro¿, disse.

Mantega ironizou as preocupações de economistas com a expansão dos gastos correntes: ¿Os economistas sempre têm de estar preocupados com alguma coisa, senão eles perdem o emprego, né?¿ Ele disse que os gastos públicos estão sob controle e que a meta do superávit primário (receitas menos despesas, exceto juros), de 4,25% do PIB, será cumprida.

Na reunião do IIF com presidentes de instituições financeiras privadas da América Latina, Mantega enfatizou que as eleições não vão alterar a responsabilidade fiscal e o controle da inflação, qualquer que seja o resultado, e que a prova de que a economia não será afetada pelas eleições é a mudança do ministro da Fazenda.

¿Estou há cerca de uma semana e meia e a economia ficou absolutamente tranqüila. É uma prova de que a economia está madura, vacinada contra intempéries de caráter político¿. Ele disse que não fez as pazes com o mercado porque não brigou com o mercado.

¿Todos amadurecemos¿, comentou.