Título: 'The Economist' pede à Itália um basta a Berlusconi
Autor: Reali Júnior
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2006, Internacional, p. A30

"Basta para a Itália. É hora de afastar Berlusconi." Esse é o título de capa da versão européia da revista The Economist sobre as eleições italianas. O semanário faz uma cobertura jornalística do evento muito crítica. E confirma a oposição da imprensa estrangeira a Berlusconi, denunciada e lamentada pelo próprio líder conservador italiano durante campanha eleitoral. Trata-se do desdobramento de uma divergência iniciada 2001, quando The Economist considerou a escolha de Berlusconi pelo eleitorado italiano "inadequada" para governar a Itália - uma referência implícita aos processos judiciais, por corrupção, movidos contra o líder direitista.

Hoje, segundo a revista, soma-se aos ajustes de conta com a Justiça o balanço negativo do governo dele e o estado calamitoso das finanças públicas do país, crescimento zero (recorde na Europa), aumento da dívida pública, etc.. Para The Economist, "Berlusconi fracassou como reformador da economia italiana".

Outros jornais europeus acompanham as críticas do semanário britânico, caso do diário francês Le Figaro, que afirma entre outras coisas : "A desilusão é geral entre os italianos, muitos continuam indecisos e ninguém vai se surpreender se alguns milhões procurarem refúgio na abstenção".

Também o espanhol El País não poupa o líder conservador afirmando que ele "grita, acusa e mente, enquanto seu adversário de centro-esquerda fala com a voz baixa, procura mostrar-se moderado e apresentar-se como um homem do povo, controlando suas emoções, diante dos ataques".

Finalmente, o americano Wal Street Journal mantém também a linha crítica em relação à administração de Silvio Berlusconi, apontando a economia como seu ponto fraco. Afinal, apesar de suas promessas, a Itália não cresceu em 2005, "o pior desempenho da zona do euro".

Para a imprensa estrangeira, uma eventual derrota de Berlusconi será saudada como um resultado positivo, pois outros jornais e revistas , mesmo conservadores, concordam com o semanário The Economist que pede um basta.