Título: Oposição vê falha na Nossa Caixa
Autor: Clarissa Oliveira
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2006, Nacional, p. A16

Deputado do PT quer afastar presidente do banco

A liderança do PT na Assembléia paulista protocolou ontem representação na Procuradoria Geral do Estado pedindo afastamento do presidente da Nossa Caixa, Carlos Eduardo Monteiro, por improbidade administrativa. O líder do partido, Enio Tatto, autor da representação, diz haver "denúncias graves" contra ele, o que o impossibilitaria de continuar no cargo.

Tatto utilizou como base do pedido o Decreto-lei 43.795/98, do então governador Mário Covas, que "requisita as autoridades competentes certidões informações e diligências necessárias ao desempenho de suas funções". "Pedimos seu afastamento porque julgamos que ele não pode continuar desempenhando cargo público tendo seu nome ligado a denúncias graves", disse o petista, justificando sua representação.

O documento aponta três fatos pelos quais Monteiro precisa ser investigado e deve prestar esclarecimentos. O presidente do banco seria o responsável por um gasto de R$ 44,8 milhões em publicidade sem contratação favorecendo as empresas Colucci e Associados e Full Jazz Propaganda.

Monteiro teria também beneficiado empresas de propaganda pertencentes a membros da base governista na Assembléia, além de ter participado da compra em duplicidade de 500 fornos a gás para doação ao programa das padarias artesanais do Fundo de Solidariedade do Estado de São Paulo.

O presidente da Nossa Caixa deverá depor à Comissão de Finanças e Orçamento da Assembléia, que anteontem aprovou a sua convocação e de outras oito pessoas envolvidas em denúncias de irregularidades na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB). Seis dessas pessoas estão relacionadas às acusações de favorecimento de aliados políticos em contratos de publicidade da Nossa Caixa.

A base do governo contesta as convocações para depoimento, pois na reunião de anteontem, em que o pedido foi aprovado, não havia nenhum deputado do PSDB presente. Os tucanos procuravam justificativa regimental para questionar e tentar anular as convocações.

O presidente da Nossa Caixa informou ontem, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que vai esperar uma eventual notificação oficial antes de se pronunciar sobre o pedido para que seja afastado do cargo no banco.