Título: PT admite erros, mas não discutirá mais questão ética
Autor: Clarissa Oliveira
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2006, Nacional, p. A16

Após reunião da Executiva Nacional, Berzoini diz que tema da corrupção não é central na pauta da legenda

As denúncias de corrupção que desde o ano passado envolveram o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT ficaram definitivamente para trás. A avaliação é do presidente nacional do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), que ontem, após comandar mais uma reunião da Executiva Nacional em São Paulo, assegurou que o tema já não é mais central para a legenda.

Ao comentar um texto sobre diretrizes para o programa de governo publicado ontem pelo partido, Berzoini explicou que o fato de as análises críticas se concentrarem principalmente no âmbito da economia, e não da ética, refletem o fato de o PT já ter discutido "suficientemente" a questão ao longo dos últimos meses.

"Nós já debatemos profundamente essa questão da ética, da honestidade, da probidade na relação administrativa", disse o presidente do PT. "Nós reconhecemos que algumas pessoas do partido cometeram erros graves, mas não faz sentido o PT tratar essa questão como assunto central. Não é assunto central nem para a população nem para o PT."

Na análise do presidente do partido, o assunto prioritário da sigla a partir de agora é o avanço obtido no primeiro mandato do presidente Lula em áreas como a geração de empregos, o controle da inflação, a redução de preços da cesta básica e o processo de reestruturação de políticas industriais e de tecnologia. "Eu acho que esses são os temas que interessam ao País."

O documento divulgado ontem pelo PT, antecipado pelo Estado no mês passado, foi resultado do trabalho de comissões internas para estabelecer os documentos a serem aprovados no Encontro Nacional da legenda, marcado para o fim do mês.

A política de comunicação do governo foi alvo de críticas no documento. Questionado sobre o assunto, Berzoini disse que o problema começa a ser superado. "Acho que ela (a política de comunicação) já mudou. Está mais objetiva, mais comunicativa, ela está dizendo claramente o que o governo fez para ajustar a situação do País e permitir que ele tenha um crescimento acelerado em 2006", observou Berzoini.

No texto, o PT trata 2006 como o primeiro ano de um novo mandato de Lula.

ALIANÇAS

A Executiva decidiu ontem acelerar a negociação com possíveis partidos aliados nas eleições estaduais para garantir o maior número possível de palanques fortes para a reeleição do presidente Lula. "Esperamos que o PT possa até o final deste mês ter um quadro amadurecido das coligações", afirmou Berzoini. O PT admite abrir mão da cabeça de chapa em pelo menos sete Estados, beneficiando candidatos do PSB e do PMDB.

Há negociações em andamento para que o Distrito Federal também entre na composição, com o apoio à candidatura do ex-ministro Agnelo Queiroz ao governo.

Um dos pré-candidatos do PT no DF, Geraldo Magela já se retirou da disputa, mas a deputada estadual Arlete Sampaio ainda luta pela vaga.

As negociações com o PSB envolvem Ceará, Rio Grande do Norte e Maranhão. Com o PMDB, estão mais adiantadas as conversas no Tocantins, Roraima, Paraíba e Amazonas.