Título: Lula anuncia bondades para aposentados
Autor: Tânia Monteiro, Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/04/2006, Nacional, p. A13

Em solenidade, ele anunciou ajuste de benefícios, 13º antecipado e ônibus interestadual grátis para 8,2 milhões

De olho nos votos dos aposentados e pensionistas da Previdência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou ontem mais um pacote de bondades que vai beneficiar 8,2 milhões de pessoas. Na cerimônia no Palácio do Planalto em que anunciou as medidas, Lula voltou a ouvir manifestação de apoio à sua reeleição. "Presidente, amigo, companheiro, no ano que vem estaremos aqui discutindo com vossa excelência aumento novamente", disse o representante dos aposentados da CUT, Wilson Ribeiro. Lula também ouviu elogios dos representantes dos aposentados da Força Sindical e da Central Geral dos Trabalhadores.

A partir deste mês, os idosos que ganham mais de um salário mínimo vão receber reajuste de 5% - índice em que 1,5% representa aumento real de vencimentos. Outra medida do pacote prevê reserva de vagas gratuitas e descontos de 50% no transporte coletivo interestadual para pessoas com idade a partir de 60 anos, com renda de até dois salários mínimos. O pacote de bondades inclui ainda antecipação do pagamento da primeira parcela do 13º para os aposentados em setembro, um mês antes das eleições.

Depois de admitir que o aumento é "pouco", o presidente disse que ele foi possível por causa do combate às fraudes na Previdência. "Quisera Deus que todos os trabalhadores do mundo tivessem 1,5% de aumento acima da inflação", comentou. "Em 2003, o primeiro reajuste dos aposentados foi de 20%, então parece muito. Mas foi uma merrequinha de nada, não teve nada acima da inflação. Agora não, agora tem 1,5% acima da inflação."

Em seu discurso, todo de improviso, Lula disse que a solução definitiva para o problema da Previdência no Brasil ainda vai levar tempo. Falou de medidas "moralizadoras" que estão sendo tomadas e citou a preocupação do governo com o pagamento de auxílio-doença, que, em quatro anos, passou de R$ 3 bilhões para R$ 9 bilhões.

"Alguma coisa está acontecendo, e como não somos de acusar ninguém sem prova, precisamos primeiro investigar para saber se tem alguma coisa errada para então a gente punir quem errou. Não precisa fazer escândalo, vocês não viram o ministro da Previdência fazer escândalo, porque não queremos acusar ninguém sem provas. Primeiro, pegar se é verdade o fato. Se for verdade, aí sim vamos tomar as providências", afirmou. "Nós não vamos punir o coitado que talvez seja vítima de uma quadrilha que dava a ele direitos que não tinha. E, como ninguém recusa injeção na testa, ninguém vai também recusar um salário a que não tem direito", observou.