Título: Indicadores da indústria em março não confirmam retomada
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/05/2006, Economia & Negócios, p. B13

Os indicadores industriais de março, divulgados ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), surpreenderam ao registrarem uma queda de 0,70% - sem os efeitos sazonais - no número de horas trabalhadas na produção. O economista da entidade Paulo Mol disse que esperava um aumento em março, sinalizando a retomada da produção. A expectativa se devia ao resultado de fevereiro, quando as horas trabalhadas cresceram 2,4% em relação a janeiro, levando a CNI a prever o fim do processo de ajuste de estoques, iniciado no segundo semestre do ano passado.

"Os dados de março ainda não apresentam o vigor que se esperava", disse Mol. "Temos de esperar os dados de abril para ver se todo o processo de redução dos estoques foi concluído." Os indicadores também registraram queda de 0,19% nas horas trabalhadas na produção no acumulado do primeiro trimestre de 2006, na comparação com o quarto trimestre de 2005. O índice caiu pelo terceiro trimestre consecutivo.

Apesar desses números, Mol acredita que o cenário para os próximos meses continua positivo. O aumento das vendas industriais nos últimos meses, segundo ele, indica um crescimento da demanda doméstica, o que deve levar à expansão da produção no futuro.

As vendas reais na indústria cresceram 0,86% em março na comparação com fevereiro, na série livre de efeitos sazonais.

Uma surpresa positiva para a CNI foi o resultado do emprego industrial, que aumentou 0,27% em relação a fevereiro, e 0,17% no primeiro trimestre de 2006 na comparação com o último trimestre de 2005. O resultado significa uma reversão na trajetória de queda registrada nos últimos dois trimestres de 2005. Para Mol, o crescimento do emprego em fevereiro e março, após dez meses de estabilidade, é sinal de que haverá um crescimento do emprego nos próximos meses.