Título: EUA: ilegal morre à espera de seguro
Autor: Evandro Fadel
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2006, Metrópole, p. C5

O corpo do brasileiro Isaías Expedito Pereira, de 40 anos, está desde o dia 8 no Instituto Médico-Legal (IML) de Boston, Estados Unidos. A família não tem os US$ 9 mil exigidos pela funerária americana para embalsamar e enviar o corpo ao Brasil nem como bancar o enterro de Pereira no país.

O brasileiro vivia clandestinamente nos EUA desde novembro de 2004, trabalhando como entregador de pães. Deixou em Tapejara, cidade a 520 quilômetros de Curitiba, a mulher, Liderci Vieira, um filho de 5 anos e o pai, Conrado.

Pereira tinha sofrido fraturas no pescoço e na coluna num acidente automobilístico, em fevereiro de 2005. Passaria por uma cirurgia de risco em 4 de junho e vinha sendo medicado com morfina por causa das dores. Não voltava a Tapejara porque tinha esperanças de receber uma indenização da empresa em que trabalhava para pagar os estudos do filho.

Na véspera da morte, ligou para casa queixando-se de dores insuportáveis. O dono do hotel em que o brasileiro morava o encontrou morto no quarto e avisou a família. "Foi enfarte", disse Liderci. A mulher de Pereira disse que a família não sabe o que fazer. Segundo Liderci, a funerária também pede US$ 9 mil para que o brasileiro seja sepultado nos EUA. Depois de permanecer 30 dias no IML, o corpo deve ser cremado, alternativa rejeitada pelo pai.