Título: Garota espera casa que presidente prometeu
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2006, Nacional, p. A12

Em visita a Marabá, há dois meses, Lula garantiu à menina Faina que ela e a família teriam moradia

Quase dois meses depois da promessa pública, a garota Faina Laine Nunes Oliveira, de 11 anos, ainda não ganhou a casa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lhe prometeu de presente, após visita oficial a Marabá (PA), no dia 22 de fevereiro.

Na ocasião, Lula percebeu a garota na multidão com uma carta nas mãos.

Leu ao microfone o texto inteiro no qual a menina reclamava do desemprego do pai, da doença do irmãozinho e da falta de moradia.

O presidente, depois de ler a carta no palanque montado pela Companhia Vale do Rio Doce, disse: "É uma vida igual à vida de muitos brasileiros, mas nós já poderíamos ter resolvido isso."

O presidente pediu, então, publicamente, que assessores anotassem os dados da menina e prometeu providenciar uma casa para a família, atendimento médico ao irmão da garota e sua mãe, além de uniforme escolar e livros para a menina.

"O presidente prometeu emprego para meu marido, uma casa, a volta à escola para Faina e o médico para meu filhinho. Até agora, nada de emprego, nada de casa, nada de escola. Só o médico apareceu, graças a Deus", afirmou anteontem, por telefone, à reportagem do Estado a mãe da garota, Lívia Nunes da Silva. Lívia informou ainda que o médico lhe receitou vitaminas para combater uma anemia.

Segundo Lívia, um dia após a visita do presidente, um "médico muito gentil" do Exército foi à sua casa, alugada, na periferia de Marabá, e medicou seu filho, de 3 anos. "Ele estava com um problema crônico na boca, mas já sarou."

Lívia, seu marido, um pedreiro desempregado, Faina e outras três crianças moram numa casa alugada. De acordo com Lívia, no mês passado o prefeito Tião Miranda (PMDB) teria pago os aluguéis atrasados. "Ele disse que foi a mando do presidente Lula, mas nada falou da casa", contou.

Faina, segundo a mãe da garota, não conseguiu entrar na escola até hoje por falta de uniforme e livros. Em sua carta, Faina havia escrito ao presidente que gostava muito de estudar, mas não tinha uniforme nem livros para ir à escola este ano. O presidente também havia prometido uniforme e livros à menina.