Título: Ignorado no inquérito, Bastos fala hoje na CCJ
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2006, Nacional, p. A8

Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça, vai ao Congresso hoje com um trunfo - ainda que com a rubrica da Polícia Federal, que lhe é subordinada - para tentar repelir a ofensiva da oposição, que lhe atribui o papel de mentor do plano de acobertamento de Antonio Palocci no caso da quebra de sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa.

O relatório da PF não faz uma única citação ao ministro, embora ele tenha participado de encontro na casa de Palocci dia 23, uma semana depois da violação dos dados do caseiro. Nem mesmo o fato de Claudio Alencar e Daniel Goldberg, seus assessores, terem se reunido com Palocci, que lhes pediu orientação e ajuda, foi motivo para a PF ouvir Bastos. Os dois figuram como testemunhas no inquérito.

O delegado Rodrigo Carneiro, que conduz a investigação, confirmou, via assessoria da PF, que não cita Bastos no texto. O inquérito, segundo a PF, apura a violação do sigilo e não a reunião na casa de Palocci. A PF não permitiu que o delegado falasse da investigação sob o argumento de que "não é oportuno".

O ministro diz estar "tranqüilo e preparado" para a audiência de hoje na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Ontem, Bastos manteve sua rotina, mas pelo telefone conversou com parlamentares de quem tem recebido apoio. Diz estar "seguro de que não fez nada além do que é da sua competência e função". Na noite de terça, falou com o deputado Sigmaringa Seixas (PT-DF), que é presidente da CCJ.

Relendo depoimentos que a PF tomou e revendo a visita a Palocci, Bastos vai dizer na CCJ que não agiu como advogado de defesa nem tramou um plano de proteção do ex-ministro. "Palocci me pediu que lhe indicasse um advogado", anota. Ele refuta a história de que na reunião teria surgido a idéia de oferecer R$ 1 milhão a quem assumisse a quebra do sigilo.