Título: Intimado de novo, compadre de Lula depõe hoje, mas com salvo-conduto
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2006, Nacional, p. A6

Depois de rejeitar uma primeira convocação, o advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, deve depor hoje à CPI dos Bingos. O presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB), marcou a inquirição para a manhã de hoje e Teixeira adiantou a integrantes da CPI que quem tentar explorar sua ligação com Lula "vai quebrar a cara".

O advogado foi intimado pela segunda vez na noite de anteontem, quando sua mulher, Elvira Teixeira, assinou o documento de convocação. Teixeira chegou ontem a Brasília e Efraim Morais avisou que, se ele se recusar novamente a comparecer à CPI, vai recorrer à Polícia Federal para trazê-lo à força.

Ontem à noite, Teixeira conseguiu um salvo-conduto no Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe garante o direito de não ser preso hoje no depoimento. O ministro Gilmar Mendes, que deu a liminar, concluiu que ele vai depor na condição de acusado e, por isso, não terá de assinar o termo de compromisso de dizer a verdade e terá o direito de não responder a perguntas que possam incriminá-lo.

A CPI investiga denúncias feitas pelo economista Paulo de Tarso Venceslau, que foi secretário de Finanças de gestões petistas nas prefeituras de Campinas e São José dos Campos. Segundo ele, prefeituras controladas pelo PT eram forçadas a fazer contratos sem licitação com a Consultoria para Empresas e Municípios (CPEM), ligada a Teixeira. Venceslau diz que os contratos garantiam à CPEM faturamento vinculado a números irreais da receita dos municípios referente ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Quando depôs na CPI, Venceslau disse ter ouvido o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, ex-caixa de campanhas do PT, dizer que a CPEM custeava a Segunda Caravana da Cidadania, nome dado às viagens de Lula pelo interior do País. Teixeira fez chegar a integrantes da CPI a informação de que negará ter patrocinado essa caravana.

EXPULSÃO

Em 1992, Venceslau denunciou a uma comissão do PT o esquema supostamente patrocinado pela CPEM. Na época, suas acusações foram em grande medida confirmadas pelos integrantes da comissão: o economista Paul Singer, o ex-deputado Hélio Bicudo e o deputado José Eduardo Cardozo (SP). O único punido, porém, foi o economista, que acabou expulso do PT.

Teixeira avisou à CPI que vai repetir o que Okamotto disse sobre Venceslau em acareação realizada há cerca de 15 dias. Na ocasião, enquanto o economista exibia documentos na tentativa de comprovar suas acusações, o presidente do Sebrae se limitava a dizer que seu algoz mentia e delirava.