Título: Mercadante lidera prévias do PT
Autor: Mariana Caetano e Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/05/2006, Nacional, p. A6

Com margem de 504 votos, o senador Aloizio Mercadante liderava na apuração da prévia, realizada ontem, para definir o candidato do PT ao governo paulista. Apuradas as urnas em 425 dos 552 locais de votação no Estado, o líder do governo no Senado alcançou 22.850 votos e a ex-prefeita Marta Suplicy, 22.346. O comando do partido no Estado ainda dava o resultado como imprevisível, mas a equipe do candidato preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já cantava vitória. O PT anuncia hoje o resultado final.

Isso porque a maioria das urnas remanescentes era de cidades do interior, onde o favoritismo de Mercadante é reconhecido até pelos adversários.

A votação transcorreu morna. Sem a participação de Lula e sob o impacto das novas denúncias do ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira, o quórum ficou bem abaixo dos esperados 80 mil eleitores. Eram 197 mil aptos a votar. Até as 22 horas, o partido havia registrado a presença de 45.675 petistas. Foram apurados 276 votos em branco e 203 nulos.

Na capital, Marta somou vantagem de 8.201 votos. Coordenadores da equipe da ex-prefeita calculavam ser necessária margem de pelo menos 10 mil votos para lhe garantir a vitória.

Seguindo à risca o pacto de unidade negociado com o presidente Lula, Marta e Mercadante prometeram ontem apoio mútuo. Nenhum recurso contestando o resultado havia sido protocolado no Diretório Estadual até a noite de ontem. Os votos de pelo menos 8 urnas, porém, não foram contabilizados por suspeita de irregularidades. "Estamos apurando o que aconteceu. Há alguns casos em que o fiscal chegou ao local de votação e a urna não estava lá", afirmou o secretário de Organização, Luiz Turco. "A eleição foi um sucesso."

Os pré-candidatos fizeram questão de dissociar as acusações de Silvinho da prévia. Citado pelo ex-secretário-geral como um dos que mandavam no PT, Mercadante mudou o discurso. Ontem, depois de votar, negou prejuízo à sua campanha. No dia anterior, integrantes de sua equipe sugeriram que aliados da ex-prefeita estariam por trás da iniciativa de Pereira de romper o silêncio, um ano após sua desfiliação do PT. A suspeita causou mal-estar.

"Gente, que horror, só faltava", reagiu Marta. A ex-prefeita votou no diretório de Pinheiros, à tarde, horas depois da passagem de Mercadante, filiado no mesmo local.

A ex-prefeita reiterou o apoio prometido ao senador, caso seja derrotada. "Estou disposta a continuar a campanha e subir no palanque do Mercadante, do senador Eduardo Suplicy, do Lula. Vou suar a camisa e espero que ele (Mercadante) faça o mesmo."

No fim da manhã, Mercadante já dizia estar confiante da vitória. E também prometeu o apoio à ex-prefeita caso fosse ela a escolhida. "Se a Marta vencer, imediatamente terá meu apoio e o partido estará unido." Para o senador, o mais importante nesse momento é preservar a união partidária e criar condições para a reeleição de Lula. "A militância sabe que o que está em jogo é a reeleição do Lula e que essa é uma possibilidade histórica de vencermos as eleições em São Paulo."

Para os dois pré-candidatos do PT, o ex-prefeito José Serra - provável candidato do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes e líder nas pesquisas de intenção de voto - não é "tão favorito" quanto parece. "O ex-prefeito Serra terá muita dificuldade de explicar nessa eleição os compromissos que assumiu com a cidade e não cumpriu (de não abandonar a Prefeitura)", afirmou o senador. Segundo a ex-prefeita, esse será um dos principais trunfos do PT na campanha. Ambos se comprometeram a não abrir mão da candidatura de Eduardo Suplicy ao Senado , i ndependentemente das negociações de alianças para a disputa.