Título: Em Viena, um líder enfraquecido
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/05/2006, Economia & Negócios, p. B7

A Cúpula de Viena será dominada pela preocupação da União Européio com o avanço do populismo na América do Sul e pela constatação de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu a posição de liderança e de influência sobre a vizinhança. Segundo fonte de Bruxelas, essa percepção ganhou peso com os episódios da semana passada protagonizados pelos presidentes da Bolívia, Evo Morales, e da Venezuela, Hugo Chávez.

"Os recentes eventos na Bolívia mostraram que fracassou a política do Brasil para os vizinhos da América do Sul. Seu papel de moderador de iniciativas mais radicais enfraqueceu", afirmou um diplomata europeu. "Paradoxalmente, o que precisaríamos neste momento era de uma maior liderança do Brasil na região."

Lula se apresentará em Viena, nos dias 12 e 13, como um chefe de Estado desgastado em seu projeto de integrar a América do Sul. A nacionalização do setor do gás pelo presidente Evo, a quem Lula apoiou nas campanhas eleitorais de 2005, e a atitude morna do Palácio do Planalto para defender os investimentos da Petrobrás injetados na Bolívia apenas coroaram as avaliações da União Européia sobre a perda de expressão de Brasília na solução de dilemas na América do Sul.