Título: Para centrais, 'ritmo é anêmico'
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/04/2006, Economia & Negócios, p. B5

Presidentes da CUT e da Força Sindical se unem na crítica à decisão de corte de 0,75 ponto da taxa de juros

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de manter o ritmo de redução da taxa básica de juros (Selic) foi duramente criticada por sindicalistas. "É lamentável que o ritmo continue anêmico", disse João Antônio Felício, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Na avaliação dele, o Copom e o BC insistem em não ouvir a sociedade, que pede uma redução acelerada em nome de maior crescimento econômico. "Além de chatos, tornam-se cada vez mais insensíveis aos interesses de quem não vive da ciranda financeira."

Para o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, a queda da taxa Selic, de 16,50% para 15,75% ao ano, é extremamente tímida e insuficiente para animar o setor produtivo. " O desempenho pífio da economia, que tem registrado índices medíocres, é resultado de uma política econômica equivocada que mantém os juros em patamares proibitivos para o setor produtivo, e da falta de uma agenda voltada para o desenvolvimento que privilegie a produção e a criação de novos postos de trabalho".

Segundo Paulinho, é preciso mudar urgentemente e de forma sistemática os rumos da economia. "A inércia do governo em buscar o desenvolvimento, a crise de moralidade do governo com a percepção de corrupção generalizada unidas à alta taxa de juros deterioram de forma assustadora as expectativas dos trabalhadores."

ANO DESASTROSO O presidente da Força Sindical acredita que este ano pode ser recessivo e desastroso para o setor produtivo, se a carga tributária e a taxa de juros continuarem elevadas.

Na opinião do presidente da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) e do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, Antonio Carlos dos Reis, a queda dos juros tem que ser uma preocupação primordial do governo.

Na sua avaliação, "não adianta mudar o ministro da Fazenda por causa dos escândalos e não mudar a política interna do País".