Título: Niemeyer aprova obra na ONU
Autor: Fabiana Cimieri
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/04/2006, Metrópole, p. C6

Arquiteto, único vivo entre os 12 que participaram do projeto, quer, porém, preservar estilo

Único vivo entre os 12 arquitetos que projetaram o prédio da Organização das Nações Unidas (ONU), Oscar Niemeyer, de 98 anos, deu ontem aval ao americano Frederick Reuter, diretor-executivo do Plano de Reforma do edifício em Nova York, para sua reforma. O projeto de restauração do prédio está orçado em US$ 1,6 bilhão.

O prédio foi inaugurado em 1950. Desde então, não passou por nenhuma modificação. "As condições de segurança mudaram, não temos um esquema de fuga de incêndio ou contra terroristas", disse Reuter.

O encontro entre os dois arquitetos foi no escritório do brasileiro, na Praia de Copacabana, zona sul. Niemeyer defendeu que a reforma seja feita preservando as características originais no prédio: "Tem que manter a mesma relação entre espaço aberto e arquitetônico, mexer o mínimo possível no terreno, expandindo para o subsolo", afirmou.

Essa é uma das opções que vêm sendo discutidas pelo comitê financeiro da Assembléia Geral da ONU. O projeto apoiado por Niemeyer defende a restauração do prédio de 39 andares com o mínimo de modificações possíveis.

A outra proposta é a construção de um novo prédio no mesmo terreno do atual e a modernização de todas as construções.

A opção apoiada por Reuter e Niemeyer prevê a colocação de vidros blindados e adequação a normas internacionais de segurança. Mas todas as modernizações feitas seriam camufladas na estrutura original.

Por esse projeto, a reforma deve ser feita em fases, dez andares de cada vez. Enquanto durarem as obras, os funcionários desses andares seriam transferido para um pequeno prédio construído provisoriamente no terreno da ONU. A construção seria demolida quando a obra terminasse.

VETO

Dos 192 países-membros, só 1 não apóia a iniciativa. Justamente, os Estados Unidos, que contribuem com 22% do orçamento das Nações Unidas. O problema é que é preciso ter unanimidade para aprovar a reforma.

"A questão é como pagar, mas a opinião de Niemeyer vai fortalecer a idéia de reformar o prédio com poucas modificações", disse Reuter, que trabalha há seis meses para tornar esse projeto viável.

No fim de semana, ele retorna a Nova York, onde apresentará um relatório da viagem. Ele tem até setembro para definir a proposta de reforma, quando começa a Assembléia Geral da ONU, que poderá aprovar o início das obras.