Título: 'FMI não segue de perto o País'
Autor: Marcelo Rehder, Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/04/2006, Economia & Negócios, p. B4

Para Mantega, projeção de crescimento de 3,5% para 2006 e 2007 é desatualizada e considera dados superados

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o Fundo Monetário Internacional (FMI) pode não estar acompanhando de perto o que está acontecendo na economia brasileira, por ter projetado o crescimento do Brasil em 3,5% em 2006 e 2007. "O Fundo Monetário, talvez, fez uma projeção desatualizada, conservadora, olhando dados já superados. Temos projeção que confirma o resultado (de crescimento) acima de 4%", afirmou Mantega, antes de entrar para o encontro com o presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz, na sede em Washington.

Segundo ele, a economia já estaria crescendo nesse ritmo. "Ele (Fundo) não tem o conhecimento que nós temos do que está acontecendo. Além do que a inflação está sob controle e até um pouco abaixo do centro da meta. O que permite que o Copom venha reduzindo os juros. Todos indicadores, todas as forças convergem para crescimento robusto da economia brasileira: juros caindo, a inflação sob controle, salário real crescendo, o emprego subindo, o mercado se fortalecendo."

Mantega considera "inapropriado" comparar o Brasil com outras economias como Índia e China, que estão em estágios diferentes de desenvolvimento. "O Brasil está decolando para novo ciclo de crescimento, consolidando esta posição. Este ano, a meu ver, vai ser o melhor do ponto de vista econômico do nosso governo e o início de longo ciclo de crescimento."

O ministro reafirmou o compromisso de cumprimento da meta de superávit primário de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. E garantiu que mais de 40% da meta do superávit será mostrada na apresentação quadrimestral do número, agora em abril. "A prova dos nove será o resultado. Eu quero mostrar o resultado matemático. Aí eu quero ver o que vão dizer se apresentarmos superávit acima de 40% - que é o que vai acontecer."

"Quem decide o superávit primário é o governo brasileiro. É nosso compromisso fazer o superávit primário de 4,25%, pois é um superávit suficiente para dar sustentabilidade à dívida pública. Esta meta será obtida - tanto o superávit quanto a redução da dívida em relação ao PIB", disse Mantega.

O ministro também rebate as críticas de que a projeção de inflação de 4,5% ao ano até 2009 na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) seria uma indicação velada do presidente Lula para que o Conselho Monetário Nacional (CMN) não reduzisse a meta para os próximos anos. Segundo ele, o CMN não olha para o que está na LDO do ponto de vista da inflação.