Título: Mercado elogia compromisso fiscal
Autor: Marcelo Rehder, Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/04/2006, Economia & Negócios, p. B4

Para empresários, declarações de Mantega são tranqüilizadoras

Empresários e economistas receberam bem a declaração do ministro do Planejamento , Guido Mantega, publicada ontem pelo Estado , de que o governo fará o contingenciamento de gastos necessário para cumprir a meta de superávit fiscal primário de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB). "Foi muito importante o ministro ter assumido publicamente esse compromisso, principalmente porque já havia intranqüilidade no mercado por causa dos números do primeiro trimestre, que não foram muito favoráveis", diz Armando Monteiro Neto, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Segundo ele, as afirmações do ministro também serviram para mudar a imagem de Mantega como a de alguém que defendeu no passado a flexibilização da meta de superávit. "Era muito necessário que ele pudesse vir a público dizer que tem o compromisso de perseguir essa meta, custe o que custar."

Para Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), há necessidade de cuidado para não haver descontrole nas contas públicas. "Lógico que gostaríamos que esse controle pudesse ser feito com uma folga maior, por meio da eliminação de desperdícios e a redução dos juros, em vez de um contingenciamento de coisas muitas vezes até necessárias."

"É muito importante que não haja dúvida sobre a obtenção da meta", diz Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Instituto para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). "A certeza de que o governo vai ter um superávit programado tem efeito favorável. Se o empresariado avaliar que a meta não vai ser cumprida, deixa de investir, porque vai achar que os juros poderão subir."

"O ministro Mantega e o secretário do Tesouro, Carlos Kawall, estão antenados com as preocupações dos analistas e querem mostrar que vão manter a linha de ajuste fiscal", diz Zeina Latif, economista do banco ABN Amro, que afirma estar preocupada com a piora da gestão fiscal, principalmente por causa do aumento nos gastos de custeio e a ausência de reformas nos últimos 2 anos.

Para Guilherme da Nóbrega, economista-chefe da Itaú Corretora, não há dúvidas de que que Mantega vai fazer uma "boa execução do superávit de 4,25%, mas ele não vai retomar a discussão do ajuste fiscal de longo prazo." "Ele deixou bem claro que pretende cumprir os 4,25% e nada mais."