Título: Desemprego sobe pelo 3º mês e chega a 10,4%
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/04/2006, Economia & Negócios, p. B3

Mas a taxa média do primeiro trimestre, de 9,9%, é a menor para o período desde o início da série, em 2002

O mercado de trabalho permanece em compasso de espera nas seis principais regiões metropolitanas do País. Em março, o IBGE apurou uma taxa de desemprego de 10,4%, ante 10,1% em fevereiro, impulsionada pelo aumento da procura por de pessoas que estavam em busca de trabalho nessas cidades.

A estagnação no mês não impediu que o primeiro trimestre apresentasse a menor taxa de desemprego média (9,9%) apurada para um primeiro trimestre desde o início da série histórica em 2002.

Outra boa notícia é que o rendimento médio real dos trabalhadores aumentou 0,5% ante fevereiro, e cresceu 2,5% na comparação com março do ano passado.

Para Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa, o ano ainda não começou para o mercado de trabalho e a tendência, de acordo com a tradição, é que novas vagas comecem a ser criadas a partir de abril.

Em março, foi registrada variação zero no número de ocupados na comparação com fevereiro, enquanto o número de desocupados (sem trabalho e procurando emprego) aumentou em 81 mil pessoas nas seis regiões, ou 3,6%, pressionando a taxa.

Para Azeredo, março foi "um momento de preparação para uma inflexão na taxa de desocupação (desemprego)". Ele ressaltou que sazonalmente a taxa de desemprego segue uma trajetória de alta no ano até março ou abril e, a partir daí, inicia uma inflexão para novas quedas.

Marcelo de Ávila, analista de mercado de trabalho do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), também acredita que a taxa voltará a cair no segundo trimestre, possivelmente a partir de maio. Para ele, a permanência da taxa de desemprego em nível alto em março responde a uma recuperação da economia "de forma muito heterogênea". Ele observou que alguns setores mostram bom desempenho neste ano, mas outros ainda estão tateando no ritmo de atividade e essa heterogeneidade acaba tendo conseqüências no emprego.

Azeredo destacou que os dados mostram que o processo de recuperação de renda prossegue, mas de forma mais discreta do que vinha ocorrendo. Ele disse que o aumento de 0,5% no rendimento médio real dos trabalhadores em março ante fevereiro foi "menor do que o esperado para essa época do ano". Mas ele lembrou que há uma recuperação do poder de compra num período mais longo de comparação, já que é significativo o aumento de 2,5% no rendimento em março ante igual mês do ano passado. Em março, o rendimento médio nas seis regiões chegou a R$ 1.006,80, o maior desde fevereiro de 2003.