Título: Grampos registram acerto de pagamentos
Autor: Sônia Filgueiras e Sérgio Gobetti
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2006, Nacional, p. A4

Os grampos da Polícia Federal registram diálogos em que empresários da quadrilha dos sanguessugas acertam depósitos na conta de assessores de deputados. Em um deles, de 9 de novembro, Darci Vedoin, um dos donos da Planam, pergunta ao deputado Isaías Silvestre (PSB-MG) como ele vai. Isaías responde que está " no sufoco, sem ar". Menos de uma hora depois, o empresário diz ao filho Luiz Antônio Vedoin, também sócio da Planam, que é preciso fazer um pagamento para o deputado.

Tais conversas, segundo relatório da PF, "evidenciam a prática comum de retribuir financeiramente aos deputados autores de emendas orçamentárias". Esse relatório foi encaminhado à Justiça Federal em Mato Grosso e serviu de base para o pedido a prisão de Vedoin.

Num diálogo gravado em 22 de dezembro, Luiz Antônio orienta a irmã, Alessandra, também sócia, a depositar dinheiro na conta de uma série de pessoas, mas avisa que dirá "apenas suas iniciais".

O primeiro nome é "Mau". O Ministério Público, baseado na PF, acha que pode ser o deputado Maurício Rabelo (PL-TO), que deveria receber R$ 20 mil via o assessor Luiz Martins. O segundo nome é Cristiano de Souza Bernardo, funcionário da Câmara lotado no gabinete do deputado Vieira Reis (PRB-RJ). Cristiano foi preso.

Luiz Antônio cita depois o deputado Reginaldo German - na verdade Germano (PP-BA). Na seqüência, dita a agência da Caixa Econômica Federal na Câmara, o número da conta e o CPF do deputado. Manda depositar R$ 15 mil em dinheiro. "Na boca do caixa", frisa.