Título: Renan decide na terça destino da 'CPI do Lula'
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/04/2006, Nacional, p. A7

Palavra final sobre investigação pode ficar para a CCJ do Senado

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidirá terça-feira o destino da "CPI do Lula". O requerimento com 34 assinaturas de senadores para criar a CPI foi apresentado anteontem por Almeida Lima (PMDB-SE). O pedido prevê a investigação de cinco fatos específicos que envolvem a família do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e suas relações com o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto. Por isso há dúvidas sobre sua validade.

Renan tem competência regimental para decidir sozinho sobre a validade do requerimento. Mas o mais provável é que mande a questão para análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

Apesar de terem assinado o requerimento, os senadores oposicionistas reconhecem que a nova CPI tem por objetivo desgastar o governo federal e dificilmente irá à frente em um ano eleitoral. "Não se quer passar para a sociedade a conotação de que está se querendo complicar a situação pessoal de alguém. O nosso objetivo é investigar. Mas há cautela para não parecer que as investigações têm interesse pessoal", contou o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN).

Os cinco fatos listados no requerimento devem ser apurados pela CPI no prazo de seis meses. O primeiro é a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, na Caixa Econômica Federal. O segundo é a relação entre Okamotto e o presidente Lula. Okamotto, que foi tesoureiro de campanhas eleitorais petistas e é amigo de Lula, teria pago uma dívida de R$ 29,4 mil do presidente com o PT.

O requerimento também prevê a apuração da relação de Fábio Luiz Lula da Silva, filho do presidente, com a Telemar. A empresa de telefonia comprou ações da Gamecorp, que é de propriedade de Fábio, por R$ 5 milhões.

A nova CPI deve ainda apurar o eventual tráfico de influência de familiares de Lula. O pedido de Almeida Lima cita o caso de um irmão do presidente, Genival Inácio da Silva, conhecido como Vavá, que teria tentado intermediar demandas de empresários junto a estatais.

Por último, o requerimento da CPI do Lula propõe investigar a origem e o destino dos US$ 100 mil encontrados na cueca do assessor parlamentar José Adalberto Vieira da Silva, no ano passado. José Adalberto era assessor do deputado petista do Ceará José Nobre Guimarães, que é irmão do ex-presidente do PT José Genoino.