Título: Aberto sigilo telefônico da casa do Lago Sul
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/04/2006, Nacional, p. A7

CPI dos Bingos espera descobrir nomes de outros freqüentadores

A CPI dos Bingos quebrou ontem o sigilo telefônico, entre 2003 e 2004, das linhas usadas na mansão alugada em Brasília pelos integrantes da chamada república de Ribeirão Preto. Conforme o caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo, disse em entrevista ao Estado, a casa do Lago Sul seria usada para lobby, partilha de dinheiro e festas com garotas de programa e seria freqüentada também pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.

O requerimento do senador Romeu Tuma (PFL-SP) foi aprovado por unanimidade - provavelmente porque os governistas não foram informados de que o endereço pertencia à casa do Lago Sul. A identificação dos números de telefone permitirá descobrir outros freqüentadores da residência, além dos que já foram apontados pela quebra do sigilo telefônico do motorista Francisco das Chagas Costa.

Dois celulares habilitados em nome de Costa mostram a relação do então administrador da casa, Vladimir Poleto, com o secretário particular de Palocci, Ademirson Ariovaldo da Silva, o empresário Roberto Carlos Kurzweil e a promotora de eventos Jeany Mary Corner. REQUERIMENTOS Por desempate do presidente da comissão, Efraim Morais (PFL-PB), a CPI aprovou ainda, pela segunda vez, requerimento do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) quebrando o sigilo bancário, fiscal e telefônico de Kurzweil.

Sócio de bingueiros, o empresário é dono do Ômega blindado que teria transportado de Campinas para São Paulo uma suposta doação de US$ 3 milhões feitas por Cuba ao PT em 2002. O dinheiro, de acordo com uma denúncia publicada pela revista Veja, teria sido destinado à campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. Também foi aprovado requerimento de Dias pedindo ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, informações sobre os nomes das pessoas que tiveram acesso ao Imposto de Renda do caseiro Nildo.

Em outra decisão, foram abertas as contas da organizações não-governamental (ONG) Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social, suspeita de receber doação em dinheiro da multinacional Gtech - que teria feito intenso lobby para renovar contrato de loterias com a Caixa Econômica Federal.