Título: No comando da sessão na CCJ, um obstinado escudeiro do governo
Autor: Luciana Nunes Leal, Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/04/2006, Nacional, p. A6

Escolhido presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em substituição ao petista independente Antônio Carlos Biscaia (RJ), o deputado Sigmaringa Seixas (PT-DF) não se incomodou com os protestos de que estava censurando a oposição. Em um dos momentos mais tensos da sessão, cortou o som do microfone do deputado Alberto Goldman (PSDB-SP), que excedeu o tempo com um duro discurso em que chamou o ex-ministro Antonio Palocci e o presidente Lula de "heróis sem caráter". Sigmaringa também determinou que fosse excluída das notas taquigráficas a expressão "governo corrupto do Lula", dita pelo deputado Alberto Fraga (PFL-DF).

O presidente da CCJ abriu a sessão lembrando que o ministro Márcio Thomaz Bastos tinha ido à comissão "espontaneamente" e "não por convocação ou convite". Sigmaringa e Bastos têm pelo menos um amigo em comum: o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, principal doador da campanha do deputado à Câmara, em 2002, com contribuição de R$ 90 mil.

Um dos deputados mais próximos do presidente Lula, Sigmaringa pediu tanto à oposição quanto à situação que se limitassem ao tema - a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Em muitas ocasiões, não foi ouvido.

Ele chegou a suspender a sessão durante o bate-boca dos deputados pernambucanos Fernando Ferro (PT) e Roberto Magalhães (PFL). Ferro reclamava que a oposição faz uma "busca desesperada de argumentos para derrotar o presidente Lula". Falava como líder do PT, o que obrigou Sigmaringa a dar-lhe a palavra. "Estamos num comício ou num circo?", interrompeu Magalhães, que protestou: "Temos de acabar com a ditadura dos líderes." Ferro não perdoou. "O senhor é que serviu à ditadura (militar)", respondeu ao pefelista.