Título: Dilma promete apoio à 'nova Varig'
Autor: Rodrigo Morais
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/04/2006, Economia & Negócios, p. B6

Manifestantes ficaram inconformados: esperavam encontrar Lula e só receberam um recado da ministra

"O governo federal tem compromisso com a nova Varig, com os postos de trabalho e com a Varig voando. O governo trabalha com o Judiciário e outros interlocutores para construir uma solução." Esse foi o recado da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, transmitido pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) aos funcionários da Varig, que esperavam na frente do Museu Histórico Nacional, no Rio, ontem, por um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O grupo, formado por 150 pessoas, deixou o local inconformado. Eles contavam com a promessa de Julio Cezar Bersot, que se apresentou como assessor de Lula, de que, se os funcionários fizessem uma manifestação pacífica e silenciosa, seriam recebidos. Como a promessa não foi cumprida - Bersot, na verdade, é segurança da presidência -, os manifestantes chamaram Lula de "traidor" e "chefe de quadrilha".

O presidente da Associação dos Pilotos da Varig, Rodrigo Marocco, disse que o objetivo do encontro com Lula era agendar uma audiência para que fosse apresentada uma proposta de recuperação da companhia aérea. Jandira Feghali disse a Marocco que o interlocutor do governo continua sendo o ministro da Defesa, Waldir Pires, e que Dilma ou Lula só os receberia quando houvesse solução concreta para o caso.

Depois da conversa com a deputada, os funcionários da Varig saíram em passeata pela Avenida General Justo e interromperam o trânsito nos acessos do Elevado da Perimetral. Eles carregavam faixas, acusando o governo de não pagar uma dívida de R$ 3,5 bilhões com a Varig.

"Não queremos um centavo de dinheiro público nem investimento a fundo perdido. Só pedimos algumas concessões dos credores", disse Marocco. Os funcionários querem, por exemplo, que a BR Distribuidora dê prazo de dois meses para que a Varig pague o combustível que utiliza e que a Infraero conceda cinco meses de carência ao pagamento das taxas devidas.

"A Varig não vai parar. É uma empresa viável e tem solução", afirmou o presidente da associação. O protesto terminou com um apitaço e palavras de ordem no saguão do Aeroporto Santos Dumont, onde o presidente embarcaria para São Paulo.