Título: Parecer que inocenta Vadão será votado hoje
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2006, Nacional, p. A10

O Conselho de Ética da Câmara deve votar hoje o processo que pede a absolvição do deputado Vadão Gomes (PP-SP), acusado de ter sido beneficiário do mensalão. Na semana passada, o conselho rejeitou o relatório de Moroni Torgan (PFL-CE), que propunha a cassação, por 8 votos a 5 e 1 voto em branco.

Vadão é acusado de ter recebido R$ 3,7 milhões das contas de empresas de Marcos Valério. Em sua defesa, o deputado do PP alegou que nada foi comprovado contra ele e garantiu que não esteve na capital paulista nas datas citadas pelo relator.

Na semana passada, depois da rejeição do parecer de Moroni Torgan, o presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), designou o deputado Eduardo Valverde (PT-RO) para relatar o novo parecer, pedindo a absolvição de Vadão. Depois da votação, o relatório seguirá para o plenário da Casa.

MUDANÇA DE PERFIL

A votação do parecer de Moroni Torgan foi a primeira depois que seis deputados deixaram o conselho em protesto contra a série de absolvições de deputados pelo plenário, quando o colegiado aprovara pareceres favoráveis à sua cassação. A nova composição do conselho reverteu a tendência pela aprovação dos pedidos de cassação dos envolvidos no mensalão. Só os deputados Ann Pontes (PMDB-PA), Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), Affonso Camargo (PSDB-PR) e Cláudio Magrão (PPS-SP) votaram a favor de Torgan.

A absolvição de João Paulo Cunha (PT-SP), no dia 5 de abril, pelo plenário da Câmara, iniciou a crise no Conselho de Ética: irritados com o plenário por ignorar os pareceres pela cassação dos acusados, Júlio Delgado (PSB-MG), Chico Alencar (PSOL-RJ), Fernando Fantazzini (PSOL-SP), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Benedito de Lira (PP-AL) e o suplente Cezar Schirmer (PMDB-RS) deixaram o colegiado.

Isso provocou uma mudança em seu perfil. Exceto Lira, os demais integrantes que renunciaram votavam sistematicamente pela punição dos acusados e reconheciam a existência do mensalão.

No começo do mês, a Câmara absolveu Josias Gomes (PT-BA). Foi o décimo acusado no escândalo do mensalão a escapar da cassação. Além dele e João Paulo, livraram-se da degola João Magno (PT-MG), José Mentor (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT), Professor Luizinho (PT-SP), Roberto Brant (PFL-MG), Sandro Mabel (PL-GO), Romeu Queiroz (PTB-MG) e Wanderval Santos (PL-SP). Dos 19 acusados, só 3 foram cassados até agora: Roberto Jefferson (PTB), que denunciou o mensalão; o ex-ministro José Dirceu (PT-SP), acusado de ser o responsável pelo esquema, e o presidente do PP, Pedro Correa (PE).