Título: PT precisa 'suar a camisa' por apoio de PMDB
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2006, Nacional, p. A11

Um dia depois de oficializada a pré-candidatura do senador Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo, o PT paulista já saiu ontem em busca da costura de alianças no Estado. O primeiro partido procurado foi o PMDB do ex-governador Orestes Quércia, que confirmou o que os petistas esperavam: a negociação entre as duas legendas não será nada fácil.

Em conversa pelo telefone com o presidente estadual do PT, Paulo Frateschi, Quércia disse que vai aguardar a pré-convenção do partido, marcada para sábado, e na qual provavelmente será descartada a candidatura própria do PMDB à Presidência. "Nós vamos respeitar o dia 13 (data da pré-convenção peemedebista), mas já deixamos claro o nosso interesse em fechar com o PMDB", anotou Frateschi, que reconheceu que o PT terá "de suar a camisa" para conseguir fechar acordo com o PMDB em São Paulo.

Apesar de admitir que a costura não será fácil, Frateschi acredita que o PT tem mais chances do que o PSDB de José Serra de ter o PMDB como aliado.

O ex-governador e presidente do PMDB em São Paulo voltou a repetir ontem que as alianças nos Estados dependem da definição do PMDB nacional. Quércia reforçou que só disputará o governo paulista se Itamar Franco for escolhido candidato do PMDB à sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva.

O peemedebista, porém, segundo o Estado apurou, teria ficado interessado na proposta feita pelo governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL). Anteontem, em almoço com Quércia e Itamar em São Paulo, Lembo ofereceu ao ex-governador a vaga para o Senado na chapa de Serra para a disputa do Palácio dos Bandeirantes.

Depois da corte ao PMDB, o PT deve procurar, até o final da semana, o PSB e o PV. Por enquanto, o partido tem segurança apenas no apoio do PC do B. Os petistas acreditam, também, na adesão do PL e de um outro partido nanico.

Até anteontem, o PT paulista considerava pouco provável a aliança com o PSB em São Paulo. Ontem, Frateschi demonstrou mais animação. "Houve uma melhora na esfera nacional. Se der certo, vamos no vácuo", comentou.

MARTA

Enquanto de um lado o PT procurou não perder tempo - e 24 horas depois da escolha de Mercadante a direção do partido já foi cortejar possíveis aliados -, na outra ponta o partido viveu um dia de crise em São Paulo. Motivo: o apelo que o presidente do PT, Ricardo Berzoini, fizera para que a ex-prefeita Marta Suplicy - que perdeu as prévias para Mercadante - seja candidata a deputada federal.

A atitude de Berzoini irritou o grupo político da ex-prefeita e já ameaça a reunificação de sua equipe em torno da candidatura de Mercadante. Um dos interlocutores de Marta, Valdemir Garreta, advertiu que Berzoini não fala sobre o assunto em nome do PT. "Se o filiado Berzoini quer ajudar o Mercadante, a melhor coisa que ele tem a fazer é calar a boca sobre isso." O presidente do PT descartou qualquer imposição e disse ter falado com Marta "de modo carinhoso". Esgotado, Frateschi desabafou: "Nós da direção do partido não vamos mais tocar no assunto pelo bem da nossa saúde física e mental."