Título: PFL vai escolher vice de Alckmin na semana que vem
Autor: Christiane Samarco
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2006, Nacional, p. A12

O PFL escolherá na próxima semana seu candidato a vice na chapa presidencial do tucano Geraldo Alckmin. A disputa interna entre o líder do partido no Senado, José Agripino (RN), e o senador José Jorge (PE) deve ser decidida por voto secreto. Pelo menos é o que propôs Agripino; José Jorge ficou de dar uma resposta hoje.

Os pefelistas que vão compor o colégio eleitoral são os mesmos que participaram de uma consulta aberta há cerca de um mês: os prefeitos de capitais, governadores, deputados federais, senadores e membros da Executiva Nacional sem mandato eletivo. Como 81 dos 94 eleitores são parlamentares, a votação deve ser em Brasília.

"Propus a José Jorge que realizássemos uma espécie de segundo turno, com o compromisso de quem perder apoiar o outro, sem choro nem vela", contou Agripino ontem. Ele está convencido de que essa "consulta rápida" é o "parto mais indolor" para encerrar a disputa e manter a unidade partidária.

Mas a questão vai além. Nos bastidores, o enfrentamento é entre o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), que prefere José Jorge, e o senador Antonio Carlos Magalhães (BA), que vota em Agripino.

O problema é que o critério de escolha foi decidido pela Executiva Nacional e a primeira consulta foi feita pessoalmente por Bornhausen, que pediu aos eleitores uma lista tríplice. O vencedor foi o próprio Bornhausen, com 70 votos. José Jorge teve 55 e Agripino, 43. José Jorge foi indicado vencedor porque Bornhausen lhe cedeu o lugar. Seus partidários resistem à nova consulta, alegando que Agripino está fora, por ter ficado em terceiro. O líder aposta que no voto fechado mudará o resultado.

O grupo de Bornhausen até aceita uma nova consulta, mas a contragosto. Avalia que uma segunda votação levanta dúvidas sobre a seriedade da primeira e a neutralidade do presidente do PFL.

Pesa também a luta entre Bornhausen e ACM no começo deste governo. ACM insistia em apoiar Lula, mas teve de se render à tese de que a oposição era o melhor para o PFL. Na questão do vice, vários pefelistas querem homenagear Bornhausen. Dizem que adquiriu legitimidade, pois "deu alma ao partido", levando-o para a oposição.