Título: MP pretende reverter a decisão com fatos novos
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2006, Nacional, p. A13

A força-tarefa do Ministério Público que investiga corrupção na gestão Celso Daniel (PT) não se abalou com a decisão do ministro Eros Grau, do STF. "Vamos demonstrar ao ministro que existe uma série de fatos novos que justificam a instauração dessa investigação", disse o promotor Amaro Thomé Filho. "A apuração é absolutamente necessária."

Desde que a Promotoria ligou o assassinato de Celso Daniel a licitações fraudulentas, Dirceu aponta pesadas críticas ao MP, a quem atribui excessos e cobra vigilância. Advogados de empresários e políticos citados em processos judiciais no caso Santo André sustentam que o MP não tem poderes para tocar investigação criminal. Em sua decisão, Eros Grau escreveu: "Aqui não se debatem poderes de investigação do Ministério Público."

Para Amaro, o ministro decidiu "apenas com base nos argumentos da defesa". Ele citou, entre os fatos novos que amparam o procedimento, depoimentos de João Francisco Daniel - irmão mais velho do prefeito morto - à CPI dos Bingos e à Justiça e de Bruno Daniel, também irmão de Celso Daniel, que confirmou ter ouvido de Gilberto Carvalho detalhes sobre o destino de verbas públicas desviadas.

"O procedimento do MP é peça de perseguição contra Dirceu", reagiu o criminalista José Luiz de Oliveira Lima, defensor do ex-ministro. "Ele (Dirceu) não se furta a prestar esclarecimentos, desde que a investigação tenha caráter legal." O advogado disse que não permitirá que Dirceu seja submetido a pressões e que a liminar "é decisão consistente".