Título: García amplia vantagem no Peru
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2006, Internacional, p. A17

O ex-presidente peruano Alan García ampliou a vantagem sobre o candidato nacionalista Ollanta Humala para o segundo turno da eleição presidencial do Peru, no dia 4. Segundo a pesquisa nacional do instituto CPI, García, do Partido Aprista, tem 61,4% das intenções de voto. Humala tem 38,6%.

A sondagem exclui a porcentagem de entrevistados que declararam intenção de votar em branco ou anular o voto (13,7% do total de 1.789 ouvidos) e os indecisos (10,3%). "Eu diria que, neste momento, García é o candidato que tem mais possibilidades", declarou o diretor da CPI, Manuel Saavedra. "Mas, com um eleitorado como o peruano, sujeito a mudanças de última hora, e com mais de 10% de indecisos, não há como assegurar que a eleição já esteja definida."

No primeiro turno, de 9 de abril, Humala obteve 30,6% dos votos e García, 24,3% - 0,6% a mais que a terceira colocada, a conservadora Lourdes Flores. O estudo da CPI indica ainda que García conquistou a maior parte dos votos dados no primeiro turno a Lourdes, à candidata fujimorista Martha Chávez e ao também ex-presidente Valentín Paniágua.

No domingo, uma outra pesquisa, feita pelo instituto Apoyo, dava 57% a García e 43% a Humala.

Preocupado com uma eventual acomodação de sua equipe de campanha, García recebeu com cautela os resultados das últimas pesquisas, alertando que as projeções de seu partido indicam que a vantagem que mantém sobre Humala é muito menor que os 22 pontos porcentuais registrados pela CPI.

Analistas apontam as últimas ações do presidente venezuelano, Hugo Chávez, como uma das razões para o fraco desempenho de Humala na campanha do segundo turno. Nos últimos dias, Chávez insultou García e o atual presidente peruano, Alejandro Toledo, ao expressar seu apoio ao candidato nacionalista.

Por causa dos insultos, Venezuela e Peru chamaram de volta seus respectivos embaixadores em Caracas e Lima.Uma pesquisa da Universidade de Lima indicou que a intromissão de Chávez na eleição peruana sofre a rejeição de 75% dos eleitores. Há dias, a campanha de Humala tenta desvincular-se do presidente venezuelano.

VISTO AMERICANO A embaixada americana em Lima confirmou ontem que o visto de entrada de Humala nos EUA havia sido negado no ano passado, mas esclareceu que ele será concedido se o candidato fizer um novo pedido. Em 2005, o visto não foi concedido por causa da participação de Humala numa rebelião militar contra o governo de Alberto Fujimori em 2000.