Título: Estoques ainda estão altos, avalia CNI
Autor: Adriana Chiarini
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2006, Economia & Negócios, p. B6

Os estoques do setor industrial continuaram elevados no final do primeiro trimestre o que ainda pode ter refreado o resultado da produção industrial de abril, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A expectativa era de que o processo de redução de estoques, iniciado no final do ano passado, tivesse terminado em março, possibilitando a retomada da produção em um ritmo mais forte em abril.

Mas a última Sondagem Industrial da CNI mostra que o crescimento ainda não ocorreu de forma generalizada, pois os estoques ainda estão acima do planejado pelas empresas. "Ainda devemos sentir em abril os reflexos do ajuste de estoques", disse o economista da entidade, Paulo Mol, ao comentar os números do primeiro trimestre. "Mas como já houve um recuo expressivo do nível dos estoques, eles não devem ser um limitador tão grande do crescimento da produção no segundo trimestre."

A sondagem mostra uma discrepância nos resultados das grandes empresas e das pequenas. "Como as grandes têm um peso maior nas estatísticas de produção e venda da indústria, não se percebem as dificuldades enfrentadas pelas pequenas e médias", disse o coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.

A pesquisa constatou que os grandes grupos estão em um processo de reaquecimento da atividade produtiva, com leve aumento da produção no início de 2006, enquanto que as de menor porte registram queda na produção e no faturamento.

"É comum perda de produtividade no primeiro trimestre porque sucede um momento de pico na produção que ocorresempre no quarto trimestre, mas nas grandes empresas isso não ocorreu. Elas continuam estáveis e apontam para o crescimento da produção", afirmou Mol.

Ele, porém, acredita que as pequenas e médias empresas devem mostrar recuperação nos próximos meses puxadas pelo aumento da demanda interna. "A surpresa são as grandes empresas que não ficaram dentro do quadro esperado, que era de queda em relação ao quarto trimestre de 2005."

Como reflexo do desempenho das pequenas empresas, os indicadores globais de produção e faturamento mostraram recuo no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre.

O nível de utilização da capacidade instalada reduziu-se de 75% para 71% neste mesmo período. Embora seja normal a queda, Mol destacou que nas grandes empresas houve maturação de investimentos, o que levou ao aumento da produção com redução do índice de uso do parque fabril.