Título: Exportação de suínos desaba
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/05/2006, Economia & Negócios, p. B8
As exportações de carne suína caíram 32% nos primeiros quatro meses do ano, em comparação com igual período de 2005. Só em abril, a receita de exportação de suínos recuou 50,31%. Segundo Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), os russos não estão cumprindo seus contratos com os brasileiros.
A Rússia, que absorve quase 70% da exportação brasileira, decretou embargo à carne de todos os Estados do País quando foi detectado o foco de febre aftosa no Mato Grosso do Sul, no ano passado. Até agora, a Rússia só liberou o produto do Rio Grande do Sul. Santa Catarina, Estado que é o maior exportador, continua embargado.
Para Camargo, a diplomacia brasileira não está cumprindo seu papel. "O Itamaraty precisa ser mais duro com os russos", diz. "Da mesma forma que a Bolívia rompeu contratos de gás, a Rússia está rompendo contratos de exportação de suínos." Segundo ele, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou Moscou, em 2005, o Brasil apoiou a entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio (OMC). Em troca, os russos se comprometeram a cumprir os acordos da Organização Internacional de Epizootias, que determinam a regionalização (embargar só regiões afetadas pela aftosa). "A Rússia não cumpriu sua parte no acordo." O país é o único a manter o embargo sobre Santa Catarina, que não tem registro de aftosa.
As exportações do País, diz o presidente da Abipecs, devem encerrar o ano em queda de 5% - isso se a Rússia revir a proibição das exportações. A previsão anterior era de crescimento de 5%. "Se o governo russo mantiver o embargo, aí será a falência do setor de suínos no Brasil." De janeiro a abril, foram exportadas 128.211toneladas de carne suína (recuo de 29,5% ante 2005), ou US$ 233,4 milhões (queda de 31,9%).
De acordo com Camargo, o embargo russo afeta também o mercado doméstico de suínos, pois pressiona os preços para baixo. "Os preços já tiveram queda de 30% no mercado interno, é uma ameaça a um setor que movimenta R$ 4 bilhões." Hoje, o Brasil está em quarto lugar no quarto no ranking mundial de produtores e exportadores de carne suína.