Título: Para presidente do STF, ação contra acusados não pode ser acelerada
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/04/2006, Nacional, p. A6

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Ellen Gracie, avaliou ontem como "saudável" a proposta da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de criação de uma força-tarefa para acelerar a análise da denúncia do mensalão, mas indicou que dificilmente a tramitação será acelerada. "Não é possível abreviá-los. O relator, como qualquer outro juiz, terá de respeitar esses prazos processuais. Daí a possível delonga em razão do grande número de pessoas denunciadas", disse, em visita a Diamantina (MG), onde recebeu a Grande Medalha da Inconfidência, comenda oferecida pelo governo mineiro na solenidade de Tiradentes.

O presidente nacional da OAB, Roberto Busato, defende a tese de que o STF estabeleça um tratamento diferenciado para a acusação formal apresentada pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, contra 40 pessoas, denunciadas por envolvimento com a "operação criminosa".

Gracie disse que "nada impede" que haja um desmembramento do inquérito, como forma de simplificá-lo. No início da semana, o relator, ministro Joaquim Barbosa, avisou que o processo será demorado por causa do grande número de acusados e da falta de estrutura da corte. A presidente do STF, porém, disse que o tribunal está "inteiramente aparelhado" e já cuidou anteriormente de outros processos de "muita repercussão, muito difíceis". Ela observou que cabe a Barbosa avaliar se é necessário delegar "certos atos" a outros magistrados. "Tudo depende da condução do relator."

Ao ser questionada sobre a repercussão na opinião pública de uma eventual excessiva lentidão no processo do mensalão, Gracie admitiu que o STF, bem como todo o Judiciário brasileiro, está "afogado" em processos.