Título: "São as mãos sujas da corrupção", ataca Bornhausen
Autor: Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/04/2006, Nacional, p. A4,5

Oposição acusa Lula de usar eleitoralmente inauguração de plataforma e cogita denunciá-lo à Comissão de Ética

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de usar eleitoralmente a inauguração da plataforma P-50 da Petrobrás, em desrespeito ao dinheiro público e aos acionistas da estatal.

"As mãos sujas de petróleo que ele mostrou são as mãos sujas da corrupção generalizada do governo do PT", atacou o senador. "É uma pré-campanha deslavada, um escárnio."

Sem conseguir impedir a campanha publicitária da Petrobrás, o PFL vai agora examinar outra forma de contestar a utilização eleitoral da estatal. Entre as sugestões, segundo o líder da minoria, senador José Jorge (PFL-PE), estão entrar com recurso na Justiça Eleitoral ou denunciar o presidente Lula na Comissão de Ética Pública da Presidência da República.

A primeira tentativa dos pefelistas de esvaziar a programação de Lula - que levou às comemorações os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP) - não foi bem-sucedida. O Tribunal de Contas da União (TCU) ignorou e não respondeu a tempo o pedido de suspensão da campanha apresentado pelo partido.

A oposição criticou também a performance do presidente que, na Bacia de Campos, vestiu um macacão de funcionário e sujou as mãos com óleo, imitando o ex-presidente Getúlio Vargas. "É a fotografia da corrupção", afirmou Bornhausen, lembrando que toda a propaganda custou R$ 37 milhões e foi feita pelo publicitário Duda Mendonça, que está sendo indiciado pelo Ministério Público por prática de vários crimes e envolvimento em irregularidades na campanha eleitoral do PT em 2002.

"Lula gosta de se fantasiar, mas é melhor vestir o uniforme da Petrobrás do que do MST", ironizou o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM). Segundo ele, o presidente teria usado a máquina pública para criar uma espécie de "anestesiamento histórico e quem faz isso exerce uma liderança negativa na sociedade".

Para o tucano, o presidente estaria capitalizando o anúncio da auto-suficiência de petróleo como se fosse uma conquista exclusiva de seu governo. "Já estava sendo esperada e poderia ter sido antes se o País tivesse crescido 5% ao ano", afirmou Virgílio, enfatizando que, apesar disso, o País continua importando petróleo.

"Além de cometer um delito pelo uso eleitoral na campanha de reeleição, o presidente está sendo desonesto, pois não diz que tudo isso é resultado de governos passados. Não só de Fernando Henrique, que avançou na pesquisa e quebrou o monopólio para implementar mudanças, mas também de outros governantes", disse. Na mesma linha de Virgílio, o senador José Jorge não poupou críticas a Lula.

Ele ressaltou que o lucro da Petrobrás no governo Lula deve-se mais ao preço do petróleo do que ao aumento da produção. "Isso não é do PT nem do Lula. Pelo contrário, o governo deles reduziu a produção", disse José Jorge, que ocupou a tribuna do Senado nos últimos dias para protestar contra a campanha publicitária feita pela Petrobrás. Segundo ele, a auto-suficiência já era para ter sido anunciada em 2004, mas foi adiada. "É mais um engodo e mais uma mentira do PT que será usada na campanha eleitoral", completou.