Título: Severino prevê volta consagradora
Autor: João Domingos e Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/05/2006, Nacional, p. A9

Muito mais magro, o que fez desaparecer a barriga pronunciada que virou sua marca registrada durante os sete meses em que foi presidente da Câmara, o ex-deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) tem tanta certeza de que obterá pelo menos o dobro dos 80.668 votos que teve em 2002 que já dispensa pedir apoio para si. "Não peço mais o voto para mim, mas para o Dudu", repete, referindo-se a Eduardo da Fonte, também do PP, candidato a deputado federal. "Tenho certeza de que ele será eleito."

Eduardo foi secretário particular de Severino na Câmara. Agora, com a ajuda do chefe, poderá ser seu companheiro de bancada a partir do ano que vem. Severino renunciou ao cargo de presidente da Câmara em setembro do ano passado. Assim, conseguiu fugir do processo de cassação, pois fora denunciado pelo empresário Sebastião Buani, que o acusou de lhe cobrar propina mensal para que pudesse manter o contrato de exploração de um restaurante no prédio onde ficam os gabinetes parlamentares.

A renúncia de Severino foi resultado da onda de denúncias consistentes que varreu a cena política a partir de meados do ano passado. Embora não tenha sido atingido pela vaga maior - o mensalão -, Severino foi pego pela menor - o mensalinho, apelido dado ao esquema descoberto no restaurante da Câmara.

Severino diz não ter dúvidas de que terá o dobro dos votos da eleição anterior com base em seu faro de político. "Em todos os locais as pessoas afirmam que vão votar em mim", relata. "Isso é porque eu defendo os interesses de Pernambuco e das pessoas mais humildes."

O ex-presidente da Câmara diz não sentir nenhum tipo de rejeição por onda passa. Pelo contrário: relata que é aclamado. "Virei um popstar", exagera.

A que Severino atribui essa sua figura de popstar? Ele não se constrange ao responder: "Todo mundo sabe que eu tenho 40 anos de vida pública e que não tenho nem casa para morar. Em Recife, moro com minha filha Ana."

Não se arrepende de ter renunciado? Ele responde sem modéstia: "Não. Renunciei para proteger o presidente Lula. Se eu continuasse na presidência da Câmara, os partidos de oposição me usariam para atacar o presidente. Foi melhor assim."

Severino, aliás, é só elogios para Lula. "Acho que o presidente Lula é um dos maiores estadistas do País. Sou amigo dele."

Indagado sobre as informações de que ainda manda no Ministério das Cidades, tenta se esquivar. "O ministro Márcio Fortes é meu amigo, um grande ministro. Só isso."