Título: Naya, Maluf e Capiberibe também vão lutar por vaga
Autor: João Domingos e Leuciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/05/2006, Nacional, p. A9

Não são só os envolvidos no escândalo do mensalão que lutam para voltar à Câmara. Outros políticos afastados do Congresso, por punição ou por opção, também estão na disputa. Um deles é o ex-deputado Sérgio Naya. Cumprida a pena de 8 anos sem direitos políticos, Naya, dono da construtora do edifício Palace 2, que desabou no Rio em 1998, provocando a morte de 8 pessoas, fará campanha no interior mineiro. Expulso do PPB (hoje PP) pouco depois da tragédia, Naya filiou-se ao nanico PSC, na cidade de Laranjal, e vai concorrer a uma vaga de deputado.

Campeão de votos para a Câmara em 1982, escolhido por mais de 670 mil eleitores, o ex-deputado, ex-prefeito e ex-governador paulista Paulo Maluf também pretende voltar à Casa e deverá ser candidato pelo PP. Maluf passou 40 dias na prisão, em 2005, ao lado do filho Flávio. Processado por sonegação e evasão de divisas, entre outros crimes, já respondeu a processos de improbidade administrativa e costuma se vangloriar de nunca ter sido condenado. Caso seja eleito, Maluf voltará a ter foro privilegiado, o que tiraria os processos da Justiça comum e os levaria para o Supremo Tribunal Federal (STF). "Os votos em Maluf podem ajudar o partido na questão da cláusula de barreira", diz o deputado Júlio Lopes (PP-RJ). Para o partido ter direito aos recursos do fundo partidário, aos cargos de liderança no Congresso e ao horário eleitoral gratuito, terá de obter pelo menos 5% dos votos no País, distribuídos em, no mínimo, nove Estados.

A candidatura de Maluf tem o aval e, mais ainda, o estímulo do presidente do PP, o deputado cassado Pedro Corrêa (PE). A permanência de Corrêa na presidência do partido, porém, é contestada por parlamentares do PP, entre eles Júlio Lopes. Há uma divergência antiga entre Lopes e Corrêa. "Eu disse ao Pedro que deveria deixar a presidência do partido antes da cassação, para não trazer esse ônus para a legenda", diz Lopes, vice-presidente da CPI da Pirataria, que investigou, entre outros suspeitos, o presidente do PP.

Afastado do Congresso depois de uma longa disputa judicial, o casal João e Janete Capiberibe, ex-senador e ex-deputada pelo PSB do Amapá, perdeu definitivamente o mandato no ano passado, mas também quer voltar. Ambos serão candidatos e podem concorrer porque foram punidos por decisão judicial e não pelo Congresso. Se a punição fosse do Legislativo, incluiria a inelegibilidade por oito anos. João e Janete Capiberibe foram condenados por compra de votos. Sempre alegaram inocência. Na campanha pela volta, atribuirão a cassação à perseguição dos inimigos políticos.