Título: Petrobrás já admite pagar mais caro pelo gás
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Fonte: O Estado de São Paulo, 23/04/2006, Economia & Negócios, p. B4

'Brasil está consciente de que é preciso reajustar os preços', informa o governo boliviano

A Petrobrás está "consciente" que deve aumentar o preço que paga pelo gás que importa da Bolívia, informou o ministro boliviano dos Hidrocarbonetos, Andrés Soliz Rada, na noite de sexta-feira. O reconhecimento brasileiro foi expresso a Soliz pelos executivos da multinacional durante reuniões nos últimos dias. "Conversamos sobre o panorama global e o Brasil está consciente de que é preciso reajustar os preços", disse o ministro em entrevista coletiva.

Além de discutirem o preço, a Petrobrás e a Bolívia avaliam o interesse brasileiro para aumentar o envio de gás para o Brasil.

As negociações incluem as condições nas quais a Petrobrás poderá permanecer em território boliviano para atuar em toda a cadeia produtiva do petróleo.

Segundo Soliz, os termos de qualquer contrato que possa ser firmado estarão condicionados à nacionalização do setor, condição imposta pela Bolívia.

Ele acrescentou que, da mesma forma que na questão do preço, os representantes brasileiros estão conscientes de que "a Bolívia tem de realizar a nacionalização" de seus campos de petróleo e gás.

Soliz comentou que o governo deseja "concluir a negociação só depois, com um Estado boliviano fortalecido pela nacionalização".

ARGENTINA

Segundo o ministro, a Argentina já aceitou revisar o preço do gás no contrato em que pretende ampliar os volumes de abastecimento do produto, segundo foi estipulado entre os dois países.

O convênio é parte da declaração assinada por Soliz e pelo ministro do Planejamento da Argentina, Julio de Vido. O documento afirma que será feita uma revisão total do contrato de venda de gás, assinado há dois anos, e dos acordos complementares.

De Vido declarou sua satisfação com o resultado da negociação, tanto por ratificar o compromisso de seu país como por refletir as novas condições políticas das duas nações. "A etapa que se abre é desafiadora porque há uma nova era na América Latina e na Argentina."

Soliz destacou que, agora, os dois países falam com sinceridade suficiente para reconhecer seus respectivos pontos fortes e necessidades.

O ministro boliviano disse ainda que a Argentina começou a reconhecer que o atual preço do gás, com a "tarifa solidária" de 2004, deve se transformar em um preço "equilibrado" tendo em vista a realidade dos dois países.

No novo contrato, que pode ser concluído em maio, será discutida a ampliação das exportações bolivianas do produto, visando a abastecer o futuro Gasoduto do Nordeste Argentino.

A Bolívia, por intermédio da estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), manifestou seu interesse em atuar em parceria com a Energia Argentina (Enarsa) nos planos de industrialização do gás em território argentino.