Título: Popularidade de Vázquez está caindo, mostra pesquisa
Autor: Ariel Palacios
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/05/2006, Economia & Negócios, p. B4

O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, transformou-se na primeira vítima política da Guerra da Celulose.

Os problemas econômicos para os uruguaios, decorrentes dos bloqueios nas estradas realizados durante meses pelos manifestantes argentinos que se opõem à construção das fábricas (calculam-se perdas de mais de US$ 350 milhões só no período do último verão), fizeram com que a popularidade do socialista Vázquez entre seus compatriotas diminuísse 10% entre fevereiro e abril, segundo indica uma pesquisa realizada pela consultoria Equipos Mori, de Montevidéu.

A pesquisa, divulgada ontem pelo jornal uruguaio El País, sustenta que a crise com a Argentina foi determinante para a redução do apoio dos habitantes desse país à gestão de Vázquez.

Desta forma, o apoio ao presidente caiu de 54% para 44%. Quando assumiu o poder, em março de 2005, o socialista tinha uma imagem positiva de 64%.

Diversos analistas consideram que Vázquez lidou de forma muito "suave" com Kirchner durante a Guerra da Celulose. Os partidos da oposição, que no início da crise apoiavam o presidente uruguaio, agora o criticam, afirmando que deveria ter mais "pulso" com o seu colega argentino.

A lua-de-mel dos uruguaios com Vázquez teria acabado. O índice de desaprovação de sua administração passou de 18% para 29%, afirma a pesquisa.

A maior frustração teria ocorrido com os eleitores de centro-esquerda (a maior parte de seu eleitorado), que ficaram indignados com a virada que Vázquez está dando para a centro-direita.

Ao mesmo tempo, vários setores da sociedade uruguaia, embora estejam irritados com a Argentina e com o Mercosul de forma geral, não simpatizam com a estratégia de Vázquez de aproximar-se dos Estados Unidos. Há especulações de que o presidente estaria acertando um tratado de livre comércio com Washington.

Se o acordo for assinado, a coalizão de governo, a Frente Ampla, uma colcha de retalhos que reúne socialistas, ex-guerilheiros tupamaros e democratas-cristãos, correrá o risco de rompimento.