Título: Marcola é levado para Bernardes
Autor: Marcelo Godoy ... [et al.]
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/05/2006, Metrópole, p. C1

Apontado como o mandante do maior ataque do PCC e da maior megarrebelião do Estado, o assaltante Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, foi transferido para o Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes (interior de SP). O presídio, o mais rígido e seguro do País, já abrigou o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.

Marcola foi internado no presídio de Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) por volta das 17 horas de sábado, junto com outros cinco presos da linha de frente da facção: Rogério Geremias de Simone, o Gegê do Mangue, Eduardo Lapa, Luiz Henrique Fernandes, o LH, e Marcelo Moreira Prado, o Exu.

O CRP de Presidente Bernardes é o único presídio do Estado que mantém inviolável o bloqueio de telefones celulares. Nesse regime, os presos ficam trancafiados 22 horas por dia em celas individuais de 6 m2 cada. Não têm acesso a televisão, rádio, jornais e revistas nem direito à visita íntima.

Por enquanto, a internação é provisória por dez dias. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) e Ministério Público Estadual (MPE) têm dez dias para pedir à Justiça a internação definitiva. Se, no final desse período, não houver decisão judicial, os presos retornam a um presídio comum.

CONVENCIMENTO

Os seis detentos estão entre os oito que foram conduzidos ao Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), na sexta-feira, a pedido da Secretaria da Administração Penitenciária.

O objetivo do governo era convencer os líderes a suspender a ordem da megarrebelião prevista para ontem, Dia das Mães, e as ameaças de atentados no Estado.

A estratégia, no entanto, deu errado. Duas horas depois do líder máximo da facção chegar à capital, a guerra foi deflagrada. Marcola não aceitou suspender a onda de violência.

Pressionado, ainda fez provocações ao diretor do Deic, Godofredo Bittencourt. "Eu posso entrar numa delegacia e matar policiais. Vocês não podem entrar no presídio para me matar. O Estado tem a obrigação de me proteger."

Disse ainda que fez uma série de reivindicações à SAP e não foi atendido. Marcola pediu visita no Dia das Mães, banho de sol e direito à televisão.

Na manhã de sábado, sem ceder às exigências, os presos deixaram a sede do Deic, na zona norte, e retornaram à Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. Os seis líderes não chegaram nem a descer do caminhão da Polícia Civil em que foram removidos. Foram imediatamente conduzidos ao CRP de Presidente Bernardes.

Tudo indica que a notícia da transferência dos chefões foi o estopim para os novos ataques, ocorridos ontem.