Título: Presos queimam diretor de cadeia
Autor: Marcelo Godoy ... [et al.]
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/05/2006, Metrópole, p. C1

O diretor da cadeia pública de Jaboticabal, na região norte do Estado de São Paulo, Adelson Taroko, teve o corpo queimado durante ataque de presos rebelados na tarde de ontem. De acordo com a Polícia Militar, os presos arremessaram um colchão em chamas contra o diretor quando ele negociava o fim do motim que envolveu os 90 detentos. Taroko está internado no setor de queimados do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e seu estado é preocupante. Ele sofreu queimaduras em 70% de seu corpo. Quatro detentos também se queimaram durante a rebelião e outros dois foram baleados.

A rebelião terminou no início da noite. Em Franca, até o início da noite de ontem, a cadeia estava dominada pelos presos.

Em Irapuru, oeste do Estado, cerca de 180 parentes de presos passaram a noite de sábado para domingo na penitenciária local , entre os rebelados. A administração cortou a energia e o prédio estava às escuras, cercado pela Polícia Militar. A penitenciária também ficou sem água e sem gás. Os parentes tinham entrado para a visita quando o motim começou, às 12 horas de sábado. Os amotinados tomaram sete agentes como reféns e a guarda da muralha mandou trancar os portões. Ontem, a tropa de choque da PM foi para o local, com apoio de ambulâncias e bombeiros, e ficou de prontidão para a invasão. A imprensa e parentes que esperavam informações foram afastados do local. No fim da tarde, depois de quase 30 horas de negociações, os rebelados começaram a soltar os reféns, com grupos de visitantes. Das 11 penitenciárias que aderiram à rebelião comandada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) no Pontal do Paranapanema, 6 continuavam amotinadas no fim da tarde.

Em Junqueirópolis, os guardas da muralha dispararam para evitar uma possível fuga dos rebelados. O motim começou às 7 horas de ontem, quando parentes entravam para a visita. "Foi só tiro e uma bala quase pegou na gente", disse Cleide F., irmã de um preso.

SAÍDA

Em Pacaembu, os agentes conseguiram sair quando a rebelião começou. A Penitenciária de Marabá Paulista, rebelada desde sábado, foi invadida pela tropa de choque. Os presos atearam fogo a colchões para deter os policiais. Segundo a PM, os três agentes que eram reféns foram libertados sem ferimentos. Estavam rebeladas também as penitenciárias de Assis e Martinópolis.

Na Penitenciária 1, de Presidente Venceslau, para onde foram transferidos os 765 presos ligados ao PCC, houve quebra-quebra e todos os vidros foram destruídos, mas os presos foram controlados. O presídio acabara de ser reformado.