Título: Problema vai ser superado, dizem Estado e ministério
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/04/2006, Nacional, p. A17

A Secretária da Família e Promoção Social do Rio, Silvia Barreto, reconhece que o trabalho articulado entre o governo fluminense e a União, iniciado em 2004, foi rompido no ano passado, mas diz que, agora, ele está sendo retomado, com a participação estadual na capacitação das prefeituras para o programa. Ela atribui os problemas, em parte, ao próprio lançamento do Bolsa Família quando, diz, "os municípios não foram sensibilizados" pelo governo federal.

A secretária afirma ainda que muitas cidades fluminenses tiveram problemas com o sistema de validação dos cadastros, via internet, e reclama que inicialmente o Ministério do Desenvolvimento Social transferiu para os municípios o cadastramento, mas não mandou recursos para fazê-lo. "Não houve falta de apoio do Estado", insiste ela.

Barreto diz que, desde o início do programa, em 2004, a governadora Rosinha Garotinho se mostrou interessada em ajudar. "O governo do Estado aceitou participar", diz a secretária, referindo-se à complementação de R$ 15 do Bolsa Família que o Rio pagava até romper o acordo, em 2005, alegando não ter acesso ao cadastro. "Num determinado momento, o programa deixou de envolver o Estado, sabíamos das definições pelos jornais", alega. Barreto destaca que, desde outubro de 2005, o Estado voltou a participar, com um termo de adesão pelo qual recebe R$ 360 mil para, em seis meses, ajudar na capacitação das prefeituras.

O ministro do Desenvolvimento Social (MDS), Patrus Ananias, afirma não ter condições de avaliar os motivos para o atraso do Rio no Bolsa Família. "Há um dado objetivo: a média de cadastro do Estado do Rio de Janeiro está bem aquém da nacional", diz ele. Apesar da insistência da reportagem, o ministro se recusa a analisar politicamente o problema. "Não quero fazer disso disputa política", destaca, afirmando não querer criar polêmica para "manter aberta a linha de diálogo" com o Estado.

"A dificuldade existe,é real", diz. "Não me cabe analisar, cabe trabalhar para superá-la." Ananias afirma, porém, que o MDS tem trabalhado em linha suprapartidária e dá como exemplo as cidades de Juazeiro do Norte e Crato, no Ceará, que visitou na semana passada. "São ótimas prefeituras, governadas pelo PSDB", diz ele. "Juazeiro tem 86% de famílias cadastradas, e Crato, 89%".

Segundo ele, em algumas cidades fluminenses está havendo aumento nos cadastros. "Mas números recentes mostram que a maioria dos municípios fluminenses ainda está aquém. Estamos conversando com as prefeituras, mostrando a importância social do Bolsa Família e seu impacto nas economias locais", afirma .