Título: Citados negam irregularidade
Autor: Diego Escosteguy
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/04/2006, Nacional, p. A12

Eles afirmam ter costume de fazer grandes retiradas

Embora neguem irregularidades nos saques, as respostas de três citados nos comunicados do Banco Rural levantam suspeitas de que a instituição deixou de informar outras operações em dinheiro vivo superiores a R$ 100 mil. Eles aparecem com apenas um saque nos registros do Rural, mas afirmam ter o costume de fazer grandes retiradas.

Por sua assessoria, o deputado João Lyra confirmou os saques. "Os recursos destinavam-se a gastos pessoais com a família e com mobiliário", informou a assessoria, garantindo que as transações foram declaradas no seu Imposto de Renda.

A assessoria acrescentou que o dinheiro tinha como origem "dividendos" das empresas de Lyra, um dos maiores empresários de Alagoas. Questionada sobre a razão de os "gastos pessoais" de R$ 810 mil terem sido feitos em dinheiro, a assessoria disse apenas que "o deputado tem família grande".

O deputado Remi Trinta disse, por meio de seu gabinete, que não se lembra do saque de R$ 130 mil - e avisou que tem o costume de retirar valores altos. "Só quem pode explicar esse saque é o gerente do deputado, lá em São Luís", afirmou a assessoria. Outro envolvido, o senador Teotônio Vilela Filho, informou que não trabalha na Usina Seresta há 20 anos, mas disse que o diretor da empresa, Elias Vilela, seu irmão, não se lembra do saque de R$ 122 mil. "Acho estranho o Banco Central considerar suspeita a operação e não procurar a usina para esclarecer", reclamou.

Luciano Lobão, filho e sócio do senador Edison Lobão, afirmou que os R$ 145 mil sacados na conta da Hytec Construções em março de 2004 destinavam-se a "gastos pessoais". "Sou dono da empresa e está tudo declarado no IR", garantiu.

O deputado Armando Monteiro negou qualquer relação com os saques. "O deputado não tem conta no Rural e as transações são operações mercantis e empresariais de empresas do pai e do irmão dele", informou sua assessoria.

Raul Ornellas, advogado dos deputados Tatico e Ênio Tatico, disse que o saque de R$ 200 mil na conta da empresa Itatico se referia a pagamento de fornecedores. "O deputado é dono de supermercado e faz saques grandes rotineiramente, para pagar fornecedores".

Por fim, o gabinete do deputado Atila Lira afirmou que o parlamentar "não tem qualquer relação com o saque e não possui sociedade na faculdade mantida pela irmã."