Título: Afastamento de Palocci abre espaço para o senador
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/04/2006, Nacional, p. A8

Líder deve comandar equipe que vai preparar programa econômico da campanha à reeleição

A saída de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda, envolvido em mais um escândalo do governo, abriu caminho para o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), comandar a discussão do programa econômico da campanha à reeleição do presidente Lula.

Mercadante, que divergia de Palocci em vários pontos, foi um dos responsáveis pelo programa de governo na campanha passada e deve recompor a equipe de economistas que auxiliou o PT há 4 anos, com Bernardo Appy, Gerson Gomes, Luciano Coutinho, Maria da Conceição Tavares e Ricardo Carneiro.

Enquanto governo e PT discutem como apresentar ao eleitor a promessa de uma economia voltada para o crescimento com inclusão social, Mercadante trabalha na comparação do governo Lula com os oito anos do governo FHC. Amanhã ele lança em São Paulo o livro Brasil primeiro tempo - análise comparativa do governo Lula.

No prefácio, Lula chama o livro de "uma arma para os embates políticos que estamos vivendo" e fala num possível segundo mandato. Lula afirma que "o imenso trabalho realizado até agora permitirá que, num 'segundo tempo' se avance de forma mais sólida e rápida na expansão da economia, com mais inclusão social, distribuição de renda, redução da vulnerabilidade externa, democracia e presença soberana no mundo."

Mercadante dá sugestões para o "segundo tempo" e fala em "metas inflacionárias mais realistas, que balizem a política de juros do Banco Central". Fala também em "utilizar, para o controle da inflação, um leque de instrumentos mais amplo, que permita flexibilizar a política monetária".

EMBRIONÁRIO

O senador propõe romper a "armadilha" da manutenção de juros elevados por muito tempo e levanta a dúvida: "Nenhuma política fiscal garante a redução natural da taxa de juros, que tem também conhecidas determinações exógenas e de política econômica." Os principais líderes petistas dizem que o novo programa econômico ainda é "embrionário", mas que Lula, em conversa com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, fixou as linhas básicas.

"O novo programa de governo não pode transformar o presidente em candidato de oposição, porque assim o eleitor ficaria confuso", disse Bernardo.

Em reunião com a bancada do PT na Câmara o ministro Tarso Genro, das Relações Institucionais, deu algumas linhas do discurso da reeleição. "Consolidamos a estabilidade. Agora, temos que partir para o desenvolvimento, com criação de emprego e renda, dentro da sustentabilidade econômica, uma conquista do governo Lula."