Título: Tucano quer neutralizar retórica 'do pobre'
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/04/2006, Nacional, p. A4

Lula tem conseguido posar de candidato dos que têm menos, diz Goldman

As principais lideranças do PSDB tentam minimizar os problemas que têm surgido diariamente no início da campanha de Alckmin. Eles tentam passar a idéia de que, se nem tudo está bem, pelo menos nem tudo vai mal, mas todos reconhecem que é preciso planejar rapidamente o discurso que o tucano vai sustentar na campanha.

O deputado Alberto Goldman (SP), vice-presidente do PSDB, acha que o problema mais delicado que Alckmin enfrenta no começo da campanha é que o presidente Lula está consolidando uma disputa em que ele se coloca como o "candidato dos pobres" e Alckmin é visto como o "candidato dos ricos".

Goldman acha que esse processo, que vem sendo fortemente alimentado por Lula, precisa ser estancado com urgência. "Nós ainda não temos uma resposta para isso", observa. Mas o deputado não endossa as críticas da bancada às falhas do começo de campanha.

"As negociações que Alckmin está conduzindo nos Estados, para produzir um quadro sólido de alianças, estão caminhando bem", defende. Ele lembra que a campanha mal começou e logo será seccionada ao meio pela Copa do Mundo de futebol, que, na opinião dele, vai zerar tudo em agosto.

Já o deputado Eduardo Paes, secretário-geral do PSDB, acha que o problema maior do PSDB é estabelecer um padrão de campanha, na era do "pós-caixa 2". "As pessoas estão sentindo falta de jatinho para lá e para cá. Isso acabou e é muito bom que seja assim", afirma. Ele não mostra preocupação com as denúncias que surgiram contra Alckmin: "Se os 'escândalos' dele forem só isso, se isso é tudo que o PT tem para falar mal dele, maravilha".

O deputado Arnaldo Madeira (SP), ex-chefe da Casa Civil de Alckmin, argumenta que esse é o estilo do ex-governador: "Ele é muito cuidadoso com essa coisa dos recursos de campanha e não vai ser agora que vai mudar", avisa.

O deputado Bismarck Maia (CE), ex-secretário-geral do PSDB, diz que os palpites da bancada federal "são naturais". "Estamos num processo de arrumação. Daqui a 20 dias a coisa vai ser muito diferente", atalha, lembrando que o PSDB tem de fazer campanha dentro das linhas delimitadoras da lei.

De uma forma geral, a bancada federal do PSDB se diz muito pressionada pelos prefeitos que os apóiam, que gostariam de uma campanha mais impactante. Os parlamentares alertam que prefeitos só apostam nos candidatos que têm chance real de ganhar, porque vivem dependendo de verbas federais para seus municípios.